Sargento Isidório (Avante-BA), pastor e deputado federal, recebeu uma oferta do Ministério Público para ter encerrada uma queixa-crime que foi movida contra ele pela cantora Daniela Mercury.
O imbróglio começou quando o político evangélico dirigiu-se a Daniela Mercury como “escrava de satanás”, “puta”, “endemoniada” e outros termos chulos, além de fazer considerações sobre o ato sexual homoafetivo, dizendo que “sexo é feito com pênis e vagina”, e não com “borracha”.
O destempero de Isidório se deu por conta da chacota feita pela cantora no Festival de Inverno de Garanhuns, em julho de 2018, quando Daniela Mercury incitou a ira de diversos cristãos em todo o Brasil ao protestar contra uma decisão de impedir a encenação da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, protagonizada pelo travesti Renata Carvalho na cidade de Garanhuns.
Na ocasião, a artista desdenhou da intelectualidade dos cristãos católicos e evangélicos, sugerindo que o conceito de arte não é compreendido por religiosos: “Se nós tivéssemos protestos de pessoas que são da religião, que não compreendem a arte, que não entendem que arte não tem dogma, que arte é crítica social, que arte é reflexão sobre nós, que arte é essencialmente livre, é singular, é uma palavra escrita, desenhada, um gesto, uma atitude, uma instalação… arte é para incomodar, é para fazer pensar, refletir, arte é para libertar a cabeça de m…”.
Em resposta, Isidório – eleito em 2018 para seu primeiro mandato como deputado federal – gravou o vídeo que agora rendeu processo. De acordo com o jornalista Ancelmo Góis, colunista d’O Globo, a sugestão de acordo para encerrar o processo partiu da própria Daniela Mercury.
“O Ministério Público da Bahia ofereceu um acordo ao pastor e deputado federal Sargento Isidório, alvo de uma queixa-crime por ofensas homofóbicas movida pela cantora Daniela Mercury. Para se livrar do processo criminal, o pastor, que se apresenta como ‘ex-gay’, terá que gravar um vídeo pedindo desculpas à cantora, além de destinar 20% de seus cinco primeiros salários como deputado federal a entidades de proteção a crianças e adolescentes e a homossexuais indicadas por Daniela. Se recusar a proposta, o pastor pode virar réu. As condições foram sugeridas pela defesa de Daniela Mercury, conduzida pelo criminalista carioca Ricardo Sidi”, informou Góis.