ROMA – Os muçulmanos podem estar prestes a ultrapassar os católicos em número de fiéis no mundo, segundo uma comparação dos dados de levantamentos sobre a evolução das religiões nas últimas décadas.
Segundo estatísticas que o Vaticano deve publicar até o fim deste mês, existem hoje no mundo 1,115 bilhão de católicos no mundo, o equivalente a 17,3% da população mundial.
Estimativas relativas a 2005 publicadas pela conceituada Enciclopédia Cristã Mundial, instituto americano especializado em estatísticas das religiões, avaliam o número de muçulmanos em 1,112 bilhão, ou 17,2% da população mundial.
Os dados mostram ainda uma tendência de queda na proporção mundial de católicos, que eram 18% da população mundial em 1980, enquanto os muçulmanos vêm tendo um crescimento acelerado eram 13,8% da população mundial em 1983.
Quando considerados os cristãos como um todo além dos católicos, protestantes e anglicanos, por exemplo os dados indicam uma tendência de alta, de 30,5% para 32,4% da população mundial entre 1983 e 2005.
Brasil
“O percentual de católicos no mundo não registrou variações nos últimos cinco anos porque ficou muito próximo ao do aumento da população”, avalia Enrico Nenna, responsável pelo centro estatístico do Vaticano.
“As variações maiores são percebidas no longo prazo e elas evidenciam uma diminuição do número de batizados”, explica.
Os dados indicam que a população mundial cresceu proporcionalmente mais do que a de católicos. Enquanto o crescimento populacional do mundo foi de 6,9% entre 2000 e 2005, os batizados aumentaram em 6,7%.
A área geográfica onde se registrou o maior aumento no número de batizados nos últimos cinco anos foi a África, com um incremento de 18%, enquanto o crescimento da população no continente ficou em 14%.
Com 155,6 milhões de batizados, 84,5% da população nacional em 2005, o Brasil continua sendo considerado o país com o maior número absoluto de católicos no mundo.
Proporcionalmente, contudo, outros países têm uma proporção ainda maior de católicos, como a Argentina, com os católicos representando 91,5% da população, ou o México, com 89,3%.
Poder
A professora de Sociologia das Religiões, Maria Immacolata Maciotti, da Universidade La Sapienza, de Roma, afirma que a Igreja Católica perde fiéis, mas não seu poder.
“O peso de uma religião não é medido apenas pelo número de seguidores. Conta muito a tradição e os apoios políticos”, disse.
“A Igreja Católica é uma verdadeira instituição, duradoura, radicada em nível mundial, com organização própria.”
“Houve queda da freqüência na Igreja Católica, mas há necessidade de acreditar em alguma coisa, e isso é muito forte no mundo de hoje”, conclui Maciotti.