Nos últimos anos a música gospel tem crescido e se consolidado no gosto do brasileiro. Rompendo barreiras de estilos e regionalidade, esse crescimento da música gospel já a coloca como o segundo maior segmento no mercado musical brasileiro. Com músicas sempre presentes entre as mais tocadas nas rádios e CDs nas listas dos mais vendidos, o gospel conta com o engajamento e fidelidade de seu público para alavancar esse crescimento.
Um grande exemplo desse crescimento do gospel está no estado de Goiás, como destacou uma reportagem especial do Jornal Opção. De acordo com a publicação, o estado que era antes marcado por exportar duplas sertanejas para o mercado nacional hoje movimenta um intenso mercado gospel, com nomes como Alda Célia e Kléber Lucas e as bandas Pedras Vivas e Radicais Livres.
Expansão do mercado
Um dos coordenadores da Gospel Fair (feira goiana voltada ao público evangélico), empresário Jeferson Baick, comenta o crescimento da música gospel. Apesar de afirmar que a música gospel é o segmento que mais vende no Brasil atualmente, ele destaca que isso não o faz de equiparar ou superar o sertanejo no gosto do público.
– Esta é uma opção utópica. O sertanejo está arraigado nacionalmente, mas o gospel é o segmento que mais vende. É uma prova de que não se trata de uma febre ou que tenha curta vida. O gospel tem trazido cada vez mais novos nomes e se estabelecido comercialmente – afirma Baick.
Porém, a grande vantagem da música gospel está no engajamento de seu público, o que reflete diretamente nos números de vendas. Segundo o empresário, o total de produtos pirateados no segmento gospel não chega aos 10% frente aos 60% da música sertaneja.
– O evangélico não compra só pelo gosto, também pelo engajamento – explica.
A cantora goiana Renata Guerra, de 23 anos, afirma que o mercado em seu estado está hoje muito mais atrativo do que foi há cinco anos, o que tem permitido a chegada de novos artistas no segmento.
– Era muito fechado. O mercado está cada vez maior e abrangente – afirma a cantora.
Jerferson Baick falou também sobre a controvérsia entre a lógica mercadológica e a fé cristã, que é motivo para críticas dentro e fora das igrejas evangélicas.
– No meu ponto de vista, devemos encarar essa relação sem tabus. Antigamente, as pessoas olhavam a nomenclatura ‘mercado’ de forma negativa, mas é um mercado. A compreensão disso facilita muito a qualificação do artista. Se não encararmos isso como uma questão profissional, a tendência é continuar na mesmice – afirma o empresário.
Diversos estilos e artistas “convertidos”
Apesar de ser destacado como um segmento do mercado musical no Brasil, o gospel não abraça somente um gênero musical, e tem atraído artistas de diversos estilos e ritmos. Heavy Metal, Axé, Sertanejo e até mesmo Funk têm sido usados por cantores gospel de todo o país como ferramentas para expressar sua fé.
A música gospel tem atraído também vários artistas de vários estilos antes conhecidos no mercado não religioso. Muitos nomes com carreiras consagradas no chamado mercado secular, hoje tem se apresentado como convertidos à fé evangélica e reconstruído suas carreiras musicais em meio a esse público. A exemplo, temos Mara Maravilha, a ex-funkeira Perla, a ex-sertaneja Sula Miranda e até rumores recentes de que os integrantes da Banda Calypso se renderiam ao gospel.
Até mesmo artistas que não se apresentam como “convertidos” têm gravado músicas gospel. Como é o caso do funkeiro Naldo, que gravou uma música com o cantor gospel Thalles Roberto e da cantora Beyoncé que participou de uma produção gospel ao lado das parceiras da extinta girl band Destiny Child.