O casamento infantil ainda é uma prática comum em muitos países do planeta. Infelizmente, por várias razões, inclusive a religiosa. Na República Islâmica do Irã, por exemplo, só no ano passado foram registrados 36 mil novos casos de casamentos com meninas.
Às informações foram repassadas por um funcionário do gabinete do governador-geral na província de Zanjan, local situado no Nordeste de Teerã e onde é registrado o maior número desse tipo de casamento.
Zanjan registrou 1.400 casos de casamento infantil em 2018, envolvendo meninas menores de 14 anos, enquanto na província de Khorasan foram 1.054 casos. Nas zonas durais, no entanto, com autorização judicial, a idade das meninas chega a 10 e até 9 anos.
Esse tipo de casamento é permitido pela legislação do Irã. Basta o consentimento dos pais, o que significa que, na prática, não é levado em consideração, necessariamente, a vontade das meninas. Basta os pais autorizarem para que o relacionamento abusivo se caracterize.
Alguns parlamentares apresentaram um projeto de lei visando impedir a continuidade desse tipo de abuso infantil, mas outros, seguindo ordens dos aiatolás, isto é, das lideranças religiosas muçulmanas, rejeitaram a proposta na Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento.
“A Comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento rejeitou a proposta de proibir casamentos de meninas com menos de 13 anos de idade”, disse o deputado Tayyebeh Seyavoshi, segundo informações divulgadas pelo jornal El País em dezembro passado.
“Às famílias são apoiadas pelo clero ultraconservador que, tanto no Irã quanto em outros países de maioria muçulmana, usam o exemplo do casamento do profeta Maomé com Aisha quando ela era criança”, informa o jornal.
Além dos motivos religiosos, há também questões relacionadas aos costumes e tradições. Muitas meninas quando adolescentes, que ficam grávidas, terminam se casando por imposição dos familiares.
A intenção de manter relacionamentos abusivos (como o abuso sexual, de fato!) também é uma realidade e muitos aproveitam brechas na legislação para conseguir se casar com menores de idade, algo presente também nos países da América Latina, como no Brasil, que segundo à agência francesa EFE, ocupa o quarto lugar no mundo onde mais se realiza casamentos desse tipo.
“O Brasil ocupa o primeiro lugar da região e o quarto no mundo, segundo o Banco Mundial, com o maior número de casos de casamento infantil, com cerca de 3 milhões, apesar de estipular os 18 anos como idade mínima legal e prever na legislação a anulação dos casamentos infantis”, informou à agência em 2017.