Duas atletas que disputaram a prova dos 5 mil metros nas Olimpíadas do Rio de Janeiro ganharam as manchetes do mundo pelos gestos de solidariedade ao se ajudarem, mutuamente, após caírem na pista. E a norte-americana Abbey D’Agostino disse que sua atitude foi inspirada por Deus.
D’Agostino e a neozeolandesa Nikki Hamblin tiveram seu desempenho arruinados por um acidente. A segunda, por volta dos 3 mil metros, tropeçou e caiu, fazendo com que a norte-americana também fosse ao chão.
Ao invés de levantar e seguir em frente, tentando recuperar o tempo perdido, D’Agostino ajudou Hamblin a se pôr de pé e continuar na prova. Machucadas, as duas corredoras se auxiliaram até o final da prova eliminatória, marcando o público que foi ao Estádio Olímpico assistir à prova.
Posteriormente, quem precisou de ajuda foi D’Agostino, que torceu o tornozelo e desabou. O gesto que já havia custado sua briga por medalhas agora poderia tirá-la da prova, mas ela foi incentivada por Hamblin, que a ajudou a levantar (foto), retribuindo a solidariedade.
Em entrevista à revista Track & Field, a norte-americana afirmou que sua atitude em ajudar a adversária a se levantar trouxe paz ao seu coração. “Deus preparou o meu coração para responder dessa forma”, explicou.
“Tínhamos cerca de dois quilômetros para continuar. Eu ainda estava me sentindo sob controle. Estava me preparando mentalmente para ficar junto ao grupo da frente […] De repente, em uma fração de segundo, havia uma mulher no chão, na minha frente. Eu tropecei nela e alguém que vinha atrás também tropeçou em mim enquanto eu estava caída. Embora minhas ações fossem instintivas naquele momento, a única forma que pude racionalizá-las é que Deus preparou meu coração para responder dessa maneira”, complementou.
As duas terminaram a prova em último lugar. A lesão de D’Agostino foi grave, e ela precisou ser levada de cadeira de rodas para receber atendimento médico. “Durante todo esse tempo aqui, Deus deixou claro que minha experiência no Rio seria muito mais que o meu desempenho na corrida. Assim que Nikki se levantou, eu soube que era Deus [agindo]”, finalizou.
Nikki Hamblin comentou a atitude da norte-americana: “Ela é o exemplo do espírito olímpico. Eu caí e fiquei sem entender o que tinha acontecido, por que estava no chão. De repente senti uma mão no meu ombro e ouvi ‘vamos, levante-se. Precisamos terminar a prova’. Disse ‘sim, você está certa’. Não a conhecia, então o quão incrível é isso? Ela é uma mulher maravilhosa. Independentemente do resultado da corrida, é um momento que nunca irei esquecer”, afirmou, em entrevista ao USA Today.
O gesto comovente de ambas foi reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que as convidou para disputarem a final dos 5 mil metros. No entanto, D’Agostino ficou impedida de voltar devido às lesões. Ainda assim, de acordo com o jornal O Globo, ela e Nikki Hamblin serão agraciadas com a medalha Pierre de Coubertin, a maior distinção do COI.
Veja os momentos inspiradores das atletas: