O que deveria ser uma defesa louvável da vida, se tornou em uma situação constrangedora para um padre, que aparentando ignorar o contexto de escândalos sexuais envolvendo a Igreja Católica, afirmou que a pedofilia “não mata ninguém”, ao contrário do aborto.
A infeliz declaração foi feita pelo padre Richard Bucci ao explicar suas motivações para proibir 44 políticos de comungarem em sua paróquia. O sacerdote afirmou que os parlamentares haviam votado a favor do aborto, o que resultou na Lei da Privacidade Reprodutiva, em 2019.
A legislação do estado norte-americano de Rhode Island foi um passo além na prática do aborto, já que em todos os Estados Unidos a interrupção da gravidez já era garantida através de uma decisão da Suprema Corte no caso Rose versus Wade, de 1973.
De acordo com informações do portal português SAPO, o padre Bucci publicou uma lista com os nomes dos 44 parlamentares, entre deputados e senadores estaduais, que estariam proibidos de receber a comunhão em sua paróquia.
O padre, de 72 anos, afirmou que “de acordo com os ensinamentos da Igreja Católica por 2000 anos, os seguintes membros da legislatura não podem receber a Santa Comunhão, assim como todos os responsáveis do estado de Rhode Island, bem como os membros do Congresso de Rhode Island”.
Entretanto, o padre já ocupou as manchetes da imprensa em outras ocasiões, por declarações a respeito dos casos de pedofilia envolvendo padres norte-americanos da Igreja Católica. Em uma entrevista recente à emissora de TV WAJR, Bucci comparou o aborto aos casos de pedofilia cometidos por sacerdotes da Igreja Católica, declarando que, ao contrário do aborto “a pedofilia nunca matou ninguém”.
A infeliz frase repercutiu fortemente nas redes sociais e inúmeras críticas ao padre e à sua paróquia foram feitas, causando inclusive uma oportunidade para defensores do aborto contestarem a defesa da vida, como no caso da parlamentar Carol Hagan McEntee, do Partido Democrata em Rhode Island, que criticou Bucci e o acusou de não compreender os casos de pedofilia que se passaram na Igreja Católica e o impacto que estes tiveram nas vítimas.
Carol tem uma irmã que foi molestada por um padre durante sete anos. “A pedofilia rouba a infância das crianças e a sua alma”, disse, em entrevista à CNN.
Here’s a photo of the notice received by lawmakers including @repmcentee33 pic.twitter.com/diBYuAVod9
— Ian Donnis (@IanDon) January 31, 2020