O aniquilacionismo é uma das principais polêmicas teológicas, pois sugere que a alma do pecador simplesmente “deixa de existir” após a morte. Algumas denominações cristãs adotam essa interpretação para negar a existência do inferno, embora a maioria das igrejas, incluindo a Católica, se opõe a essa interpretação bíblica.
Na última quarta-feira, 28 de março, o jornalista Eugenio Scalfari, um “vaticanista” do jornal La Repubblica, relatou que durante um encontro recente com o papa Francisco, ouviu do pontífice uma opinião que seria alinhada ao aniquilacionismo.
O jornalista italiano assegurou que Francisco teria dito que as pessoas que se arrependem “obtêm o perdão de Deus”, enquanto as que não se arrependem, “desaparecem”: “Não existe um inferno, existe o desaparecimento das almas pecaminosas”, acrescentou Scalfari.
No entanto, com a polêmica instalada, o Vaticano se pronunciou para negar as afirmações do jornalista, dizendo que a “reconstrução” da fala de Francisco desvirtuou a conversa em uma reunião privada. “Nenhuma citação do artigo mencionado deve ser considerada como uma transcrição fiel das palavras do Santo Padre”, dizia o texto da nota.
Scalfari – que já teve outras matérias sobre o papa Francisco desmentidas pelo Vaticano – defendeu-se dizendo que, embora não tenha uma gravação que comprove a declaração do pontífice, sempre usa o texto para traduzir o sentido da conversa que manteve com o entrevistado.
“Tento entender a pessoa que estou entrevistando, para depois escrever suas respostas com minhas próprias palavras”, argumentou Scalfari, abrindo a possibilidade para uma distorção causada por sua interpretação pessoal.
Em 2014, Scalfari divulgou que o papa havia abolido o pecado, o que motivou um desmentido do Vaticano. Em outra ocasião, a Sala de Imprensa da Santa Sé se viu obrigada a negar que o papa tivesse afirmado que Adão e Eva são mitos.