O papa Francisco voltou a pedir aos cristãos que separem a reprovação do Evangelho e da Igreja à homossexualidade da segregação dos homossexuais, reforçando que a família tradicional, fruto da união de um homem e uma mulher, é a única com função social e que permite a procriação.
A reiterada sugestão de amor ao próximo veio acompanhada de “uma boa dose de autocrítica” no documento chamado Amoris Laetitia, que pode ser traduzido como “alegria do amor”.
Dirigindo-se aos católicos, Francisco disse que quer ver a Igreja com uma postura mais respeitosa aos fiéis “imperfeitos”, como os que se divorciaram e/ou casaram mais de uma vez, situação bastante delicada dentro da rígida doutrina romana.
Sobre a homossexualidade, Francisco voltou a recusar a aceitação do casamento gay, mas pediu respeito às pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo.
“[Que a Igreja] reafirme que cada pessoa, independentemente de sua orientação sexual, deve ser respeitada em sua dignidade e tratada com consideração, sendo que ‘todo sinal de discriminação injusta’ deve ser cuidadosamente evitado, particularmente qualquer forma de agressão e violência”, frisou o papa.
Francisco, cuidadoso, tratou de reiterar que essa postura não significa cumplicidade com a prática homossexual: “As uniões de fato ou de pessoas do mesmo sexo, por exemplo, não podem simplesmente serem equiparadas ao casamento. Essas famílias devem receber orientação pastoral respeitosa, de modo que aqueles que manifestem orientação homossexual possam receber a assistências que precisam para compreender e carregar a vontade de Deus em suas vidas”, pontuou.
Sobre o aborto, novamente o papa recusou a ideia de que, a título de liberdade para as mulheres, a interrupção de gestações seja tratada com normalidade: “Nenhum suposto direito ao próprio corpo pode justificar a decisão de encerrar com aquela vida”, asseverou.
No documento de 260 páginas, Francisco ainda estimulou que os padres saibam como abordar os cristãos mais jovens, oferecendo uma linguagem incentivadora a respeito do casamento: “Eu penso sobre o dia de São Valentim; em alguns países, interesses comerciais são mais rápidos para verem o potencial desta celebração do que nós, na Igreja”, disse, em tom de autocrítica, referindo-se à data equivalente ao Dia dos Namorados.
Sobre a “dimensão erótica do amor” dentro do casamento, o pontífice afirmou que a Igreja precisa promover uma visão positiva sobre a sexualidade, que deve ser “vista como um presente de Deus para enriquecer o relacionamento dos casados”.