Um bem-sucedido escritor ateu reclama que o Cristianismo é, não só falaciosamente creditado pela bondade no Mundo, como também promove a imoralidade.
Num recente debate contra um escolástico e pastor Cristão, Christopher Hitchens argumentou contra a ideia de que o Cristianismo é responsável pela difusão de princípios morais, tais como ser errado matar ou roubar.
O autor de Deus Não é Grande:Como a Religião Envenena Tudo também disse que já havia um código moral semelhante à “regra de ouro” mesmo antes de Moisés ter recebido os Dez Mandamentos.
“Parece que estes valores (homicídio, roubo, perjúrio estão errados, enquanto que coragem e auto-sacrifício são admiráveis) são inatos e universais”, disse Hitchens num vídeo postado na página de notícias da Christian Broadcasting Network, na Sexta-feira. “E eles também são anteriores – bem, eu não diria anteriores a todas as religiões, pois sempre existiu alguma espécie de religião – mas certamente anteriores ao monoteísmo, e certamente anteriores ao Cristianismo.”
Hitchens acredita que a base da bondade e moralidade é a “solidariedade humana” ou a “irmandade do Homem”.
O oponente de debate e representante Cristão, Douglas Wilson, pastor da Igreja de Cristo em Moscow, no Idaho (EUA), contestou, porém, a afirmação de Hitchens em como a solidariedade humana é a base da bondade, usando o reconhecimento do próprio Hitchens de que as más emoções também são inatas nos seres humanos.
“O problema em fundá-la [a moralidade] em instintos inatos, tais como a solidariedade humana, é que nós temos outros instintos concorrentes,” argumentou Wilson.
“O que é que impede as pessoas de praticar o mal se não existe nenhuma verdade absoluta sobre o que é bom e o que é mau?”, questionou o membro sénior da academia de teologia da Faculdade New Saint Andrew de Moscow, e autor de Carta de um Cidadão Cristão.
O participante Cristão defendeu que as pessoas têm um lado que pretende seguir a maldade, como por exemplo exterminar o próximo, mas também têm um lado bom que quer ajudar o próximo. Sem uma verdade absoluta encontrada nas Escrituras, as pessoas ficarão entregues, na melhor das hipóteses, a uma estratégia relativista para decidir sobre se agir bem ou mal.
“Como é que se pode escolher entre os dois?”, perguntou Wilson. “Se a natureza autoritária da moralidade provém deste estado inato, o que dizer da nossa inata predisposição de partir para a guerra ou cometer genocídio?”
O ateísta Hitchens, numa instância anterior afirmou acreditar firmemente que não existe uma verdade absoluta, mas apenas verdade relativa. Mas ele reconhece, há algumas verdades objectivas apoiadas por todos os homens, como o assassínio ser mau e a honestidade ser boa.
Para reforçar o seu argumento, Hitchens realçou como os Cristãos, no passado, reclamaram uma verdade absoluta, mas mais tarde, embaraçosamente, tiveram de rever a verdade porque a ciência provou que eles estavam errados.
Por exemplo, a Igreja dizia que o universo girava em torno da Terra, mas mais tarde foi descoberto que os planetas orbitam o Sol. Todos os Cristãos também acreditavam que o relato de Génesis descrevia literalmente os eventos da Criação, até à Ciência ter introduzido o Evolucionismo e os crentes terem de rever ou repensar o que julgavam ser verdade.
“Por outras palavras, uma objecção que tenho em relação à religião, é que é a nossa primeira e pior tentativa de fazer sentido das coisas”, declarou Hitchens. “A primeira e pior. Aconteceu quando éramos muito medrosos, muito ignorantes, e ficávamos aterrorizados com acontecimentos de ordem natural, como terramotos e inundações, que são susceptíveis de uma explicação muito mais fácil.”
As pessoas, no passado, disse ele, oravam quando alguém adoecia porque eram ignorantes e não sabiam mais. Porém, mais tarde os tratamentos melhoraram quando os cientistas e os médicos descobriram os germes e as doenças.
É o mesmo com a astronomia, argumentou o estudioso ateu. Os Cristãos presumiram demasiado cedo qual seria a verdadeira forma do universo, disse ele.
Hitchens afirmou também durante o debate que se sente contente por não haver nenhum deus Cristão, porque se houvesse, os humanos seriam supervisionados por esse deus desde a nascença até à morte e até para lá da morte. E além disso, podiam até ser “condenados” por “crimes de pensamento”.
“É a definição funcional de falta de liberdade “, queixou-se Hitchens. “E por isso, é um grande alívio para mim pensar que não tenho um ‘Big Brother’ que está determinado em dominar a minha vida desde a aurora até ao anoitecer.”
Wilson gracejou dizendo que está disposto a “não ter irmão”, mas não a não ter pai, explicando que Deus é um pai celeste, e não um mero irmão.
Outra crítica de Hitchens tinha a ver com o ensinamento fundamental do Cristianismo: a salvação através de Jesus Cristo. O fervoroso ateu alega que esta doutrina “reduz” a responsabilidade das pessoas pelos seus pecados ensinando-lhes que podem lançar as suas transgressões sobre outra pessoa – um bode expiatório – e serem perdoadas. Hitchens alega que é uma teologia imoral.
Wilson não teve tempo para responder à acusação de Hitchens de que a salvação ensinada pelo Cristianismo é imoral. Os dois estudiosos participavam num debate mediado pela CBN com o tema “Será o Cristianismo Bom Para o Mundo?”. Hitchens e Wilson são co-autores de um livro lançado em Setembro passado, que tem o mesmo título do debate, e que será apresentado em filme a ser lançado em Março de 2009.
Hitchens não foi criado num ambiente religioso, contudo o seu pai foi criado num “rigoroso” lar Baptista Calvinista. A sua mãe é Judia não praticante.
Fonte: Christian Today Portugal e Gospel+