Pastor D. J. Soto inaugurou recentemente a “VR Church”, ou Igreja de Realidade Virtual, iniciando uma jornada onde pretende, segundo ele, anunciar o evangelho de Jesus Cristo, também, através dos aparelhos de realidade virtual para diversas pessoas no mundo.
Tudo começou quando em 2016 ele comprou um óculos VR e visitou a rede social AltSpaceVR, uma espécie de “ciberespaço” onde os membros podem construir cenários em 2D e 3D. Desde então, Soto acreditou que essa ferramenta poderia ser um meio eficaz não apenas de evangelismo, mas de formação de uma comunidade cristã.
Ele estudou linguagem de programação e decidiu largar seu ministério numa igreja localizada na Pensilvânia, EUA, para dedicar seu trabalho ao seu novo projeto, a VR Church.
Confiantes no projeto, Soto e sua esposa, Kari, venderam a casa e parte dos móveis, adquiriram um trailer e foram morar nele com seus cinco filhos. Segundo informações do portal Wired, Soto acredita ter sido chamado para ser o “apóstolo” do mundo virtual.
Ele anda em seu trailer visitando igrejas para apresentar o projeto a outros pastores, mas sem muito sucesso. Ele contou que seus primeiros sermões na igreja virtual atraíram pouquíssimas pessoas, mas que a procura de curiosos pela “igreja”, incluindo ateus, significaria o começo da adesão.
O caráter presencial do evangelho cristão e da comunhão entre os irmãos
Neal Locke, um pastor presbiteriano que escreve sobre a relação entre igreja e realidade virtual, criticou a decisão de Soto, alegando que o mundo virtual não proporciona algo fundamental para o desenvolvimento da comunhão entre os cristãos, que é a interação física e a experiência da comunhão:
“As pessoas que passam o tempo em mundos virtuais são, por definição, exploradores, então é provável que busquem interagir com pessoas e lugares que diferem de sua experiência na vida real. É um lugar de exploração, não de compromisso”, disse Locke.
Outros líderes questionaram, por exemplo, a ordenança do batismo. Para Soto, como para os evangélicos se trata de algo simbólico, o batismo poderia ser realizado em um “rio virtual”, sendo a pessoa um avatar.
Em todo caso, aspectos fundamentais da relação entre os seres humanos, como é o contato físico através do abraço, da conversa olho-no-olho e da presença nos momentos de maior necessidade, ainda que possam ser simbolizados através do mundo virtual, não podem substituir a realidade do contato humano.
Ao que parece, portanto, a VR Church poderá ser uma ótima ferramenta de evangelismo, tal como outras do mundo virtual, mas dificilmente conseguirá cumprir o papel de uma comunidade cristã verdadeira.