O pastor da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Cláudia (80km de Sinop), Eliezer Martins, preso na última quarta-feira sob a acusação de venda de diplomas falsos de 1º e 2º graus em várias cidades do Estado, prestou depoimento à Polícia Civil de Sinop, na manhã de ontem. O delegado Richard Damasceno disse que o acusado se manteve em silêncio durante a oitiva e não respondeu a nenhum dos questionamentos feito pela investigação. Ele foi encaminhado à penitenciária Ferrugem.
O promotor que denunciou a quadrilha, Paulo César Dancieri Filho, disse que serão apuradas quantas e quais pessoas compraram os diplomas sem saber que eram falsos e quem os adquiriu de má fé. Segundo Dancieri, ao ser comprovada a compra intencional com a consciência de fraude, o comprador responderá por uso de documento falso e ainda, em caso de ter utilizado o certificado para ingressar em faculdade ou comprovar conclusão dos estudos para prestar concurso público, poderá ser afastado do cargo ou ter os direitos cassados.
Em outros casos em que for comprovado que o comprador foi lesado, este poderá buscar ser ressarcido do prejuízo. O valor da cobrança para a venda dos diplomas variava de R$ 700 a R$ 800.
O promotor explicou ainda que, em algumas cidades, a quadrilha aplicava provas “para dar aparência de legalidade à documentação”. Dancieri sublinha também que pessoas que se sentirem lesadas devem procurar o Ministério Público de sua cidade, Secretaria de Educação ou até mesmo a Polícia Civil. “Assim teremos mais informações de onde e como a quadrilha agia”, observa o promotor, ao enfatizar que, conforme investigações, o golpe era aplicado desde 2004.
O pastor foi detido pelo Grupo de Ação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. A investigação que teve início no ano passado foi requisitada pela promotoria da cidade de Cláudia.
O promotor destaca ainda que o pastor é suspeito de fazer o levantamento dos interessados em adquirir o diploma por intermédio de pastores e fiéis da igreja evangélica da Assembléia de Deus no interior de Mato Grosso. Uma das funções da quadrilha era ‘comprovar’ a validade dos certificados perante o Ministério da Educação.
Na casa do pastor foram apreendidos vários documentos, entre eles avaliações em branco, cerca de 50 cheques preenchidos (alguns deles sem fundos), requerimentos de matrícula em branco e preenchidas por diversas pessoas com cópias de documentos pessoais, fotografias três por quatro, atestados de escolaridade, certificados de conclusão, e o diploma de pastor evangélico que pertence a Eliezer.
Os endereços que constam nos documentos mostram que o pastor agia em várias cidades do Estado, entre elas, Cláudia, Barra do Garças, Sinop, Pontes e Lacerda, Terra Nova do Norte, Nova Canaã do Norte, Novo Mundo, Paranatinga, Itaúba, Rondonópolis e outras.
Fonte: Diário de Cuiba