Segundo a obra “O Livro Negro do Comunismo”, a ideologia comunista foi responsável pela morte de mais de 100 milhões de pessoas no século XX, superando o número de mortos em todas as guerras já travadas pela humanidade durante o mesmo período. O Camboja, localizado na porção sul da península da Indochina, no Sudeste Asiático, exemplifica essa realidade.
O partido comunista do Camboja, “Khmer Vermelho”, liderado na década de 70 com mãos de ferro por Saloth Sar, mais conhecido como Pol Pot, foi responsável pelo que ficou conhecido como “genocídio cambojano”, uma série de assassinatos em massa dos opositores ao partido Vermelho.
Para manter seu poder, o partido comunista do Camboja também aprisionava seus opositores em “campos de extermínio”, locais onde também eram obrigados à realizar trabalhos forçados. Im Chaem, hoje com 75 anos, foi uma das responsáveis pela supervisão de um desses campos de concentração.
Recentemente, o Camboja criou tribunais para julgar os membros do partido Khmer Vermelho, e Im Chaem foi uma das acusadas pela morte de 500 mil pessoas na época em que supervisionou um dos campos de concentração na província de Banteay Meancheay. A decisão dos juízes, no entanto, considerou que ela não teve responsabilidade direta pelos crimes.
“Eu fui redimida. As pessoas me acusaram de ter matado. Isso é errado. Eu nunca usei violência, nem ameacei ninguém. Eu não sou culpada dessas acusações”, disse ela ao site da Rádio Voz da América.
O fato de maior surpresa, no entanto, foi a conversão de Im Chaem ao evangelho de Jesus Cristo. Ela era budista, mas nunca havia conhecido o evangelho. Isso aconteceu após frequentar uma congregação evangélica na aldeia de O’Angre, onde mora.
O pastor Christopher LaPel é o responsável pela congregação. Ele não sabia, mas tinha entre seus membros a pessoa que havia sido responsável pelo campo de extermínio onde ele ficou preso, na época, por se recusar a negar a fé em Jesus Cristo.
Após tomar conhecimento do nome “Im Chaem”, Lapel lembrou de quem se tratava. “Mesmo que muitas pessoas a odeiem, eu a amo”, disse ele também a Rádio.
“A senhora Im Chaem recebeu a Jesus Cristo como seu Salvador em 6 de novembro de 2017”, lembra o pastor, acrescentando que “seu marido e filhos também se converteram”.
Ainda segundo LaPel, “ela aceitou a Cristo depois de ouvir o evangelho e também o relato de seus ex-companheiros do Khmer Vermelho. Vários ex-combatentes contam como Deus os mudou, pois antes eles nunca puderam conhecer o verdadeiro sentido das palavras ‘paz’ e ‘amor’”, disse ele.
Perguntado sobre o que achava das acusações contra Im Chaem, ele disse: “Não sei dizer se ela é culpada disso tudo ou não. É algo agora entre ela e Deus”.
Im Chaem foi batizada em 22 de janeiro por seu ex-prisioneiro, o pastor Lapel.