O pedido da Autoridade Palestina ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), para que o país medie as negociações de paz com Israel através do boicote aos produtos israelenses, caiu como uma bomba no meio evangélico e entre os representantes do setor na política.
A iniciativa da Autoridade Palestina em formar um grupo de países que atuariam como “mediadores” é uma reação à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em mudar a embaixada do país para a cidade de Jerusalém, reconhecendo-a como capital do Estado de Israel.
Parlamentares da bancada evangélica se posicionaram contrários à postura do ministro, e não descartam externar a insatisfação ao presidente Michel Temer (MDB) caso tenham oportunidade.
“[A Frente Parlamentar Evangélica] não está de acordo com a aceitação do convite feito pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes. A FPE […] se manifestou publicamente em dezembro passado, apoiando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quando este anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel”, declarou o presidente da FPE, deputado federal pastor Hidekazu Takayama (PSC-PR), em nota oficial.
O deputado Ezequiel Teixeira (Podemos-RJ) afirmou: “O Brasil foi chamado para ser mediador por que se posicionou muito a favor dos palestinos nos últimos anos. Precisamos verdadeiramente de um processo de paz equilibrado, justo e bíblico. Que o nosso ministro não ouse deixar de abençoar a Israel! Não seria bom para nós. Queremos a paz para os dois lados, mas sem ferir princípios bíblicos e aquilo que está selado por Deus”, comentou o apóstolo, em entrevista ao portal Gospel Prime.
Outro que comentou o caso foi Victório Galli (PSC-MT), chamando atenção para o passado do ministro brasileiro: “Com nosso Ministério de Relações Exteriores nas mãos de um marxista, não há como o Brasil ter alinhamento com Israel. Aloysio está levando o governo brasileiro para uma situação delicada e péssima internacionalmente. Precisamos nos juntar ao governo Trump e reconhecer Jerusalém como capital de Israel, não o contrário”, disparou, fazendo menção à atuação de Nunes Ferreira na extrema esquerda durante o Regime Militar no Brasil.
O Conselho Apostólico Brasileiro (CAB), que reúne pastores, apóstolos e líderes de diversas igrejas do país, divulgou uma nota assinada pelo pastor Paulo de Tarso Fernandes, comentando o episódio diplomático, e afirmou que já havia levado ao Ministério das Relações Exteriores, em nome dos evangélicos por eles representados, um pedido para que o Brasil revisse sua postura contrária a Israel nas votações nas Nações Unidas e na UNESCO.
“A posição do grupo que ocupa os principais postos da diplomacia brasileira historicamente defende a solução de dois estados, porém, nós cristãos brasileiros, queremos mudar esta posição já que é contrária à nossa maneira de pensar. Nosso governo precisa refletir o pensamento do seu povo que é eminentemente cristão e aliançado com o povo de Israel eternamente”, diz a nota do CAB.
“Manifestamos nosso absoluto respeito aos que estão investidos de autoridade, porém como uma voz profética em nossa nação advertimos que os juízos que o Brasil tem sofrido, toda a crise econômica, moral, ética, pode ainda se agravar mais, se nos colocarmos como nação contra os planos de Deus”, acrescentou o texto.