Dois policiais militares que haviam sido flagrados furtando o aparelho de som de um carro estacionado no centro histórico de Curitiba foram presos numa unidade de triagem para suspeitos de crime comum.
Altenes Pinheiro, 37, e Adriano Fronza, 34, foram filmados na hora do furto por uma equipe da TV Paranaense que fazia reportagem sobre arrombamento de carros na região.
A reportagem foi mostrada na edição desta segunda-feira do “Jornal da Globo”. Os próprios policiais se apresentaram para receber voz de prisão na manhã de ontem.
Donos de bares e restaurantes do centro histórico que conhecem a dupla disseram à Folha que ficaram chocados com o que viram na TV.
Pinheiro e Fronza faziam parte do Povo (Policiamento Ostensivo Volante), projeto que é o orgulho do governador Roberto Requião (PMDB). O conceito do Povo é que os policiais se façam conhecidos e convivam diariamente com a população do bairro que atendem.
As imagens mostram Pinheiro e Fronza observando um carro estacionado. Os dois notam que as portas estão destravadas. Minutos depois, um deles entra no carro e arranca o CD do painel. Esconde o aparelho embaixo de uma prancheta e leva para o veículo policial. Os dois ainda voltam para uma nova revista no carro.
Quando um casal dono do carro aparece, os policiais agem como se relatassem que o veículo foi encontrado furtado. A mulher põe as mãos na cabeça, parecendo inconformada.
A ordem de prisão preventiva foi baixada pelo juiz da Vara de Auditoria da Justiça Militar estadual. Os dois foram levados para o COT (Centro de Observação e Triagem) da Polícia Civil, onde vão aguardar a conclusão do inquérito.
Eles também vão responder a um IPM (Inquérito Policial Militar) e a um processo no Conselho de Disciplina da PM.
O secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, disse que quer apressar o inquérito administrativo para expulsar os policiais o mais rápido possível. ”Esses homens fingiam ser policiais para agirem como bandidos”, disse.
Segundo o comandante da PM do Paraná, coronel Nemésio Xavier de França Filho, Pinheiro tinha 17 anos de corporação, e Fronza, 14. Os dois tinham ficha funcional limpa até o episódio.
França Filho afirmou que o vídeo ”abalou” a PM, mas que haverá reação. ”Vamos reagir para mostrar a imagem do policial justo, que trabalha para defender a comunidade.” A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos acusados.
Fonte: Folha Online