O Presidente russo Vladimir Putin deu uma entrevista controversa para um documentário intitulado “Valaam”. Em um vídeo transmitido pelo canal de TV 1 da Rússia, Putin, que é ex-agente da KGB e foi chefe dos serviços secretos soviéticos e russo, respectivamente, insinuou também que Lenin seria um “santo”.
Tais declarações, apesar de soarem absurdas, não surpreendem quando entendemos que parte de alguém que teve toda sua formação baseada na ideologia comunista durante o período da velha União Soviética.
Filiado ao Partido Comunista na década de 70, único autorizado na época, Putin dedicou sua carreira na manutenção e promoção do regime soviético, tornando-se Presidente da Rússia pouco tempo depois do colapso econômico e moral que dissolveu a URSS.
Em parte, Putin entende a importância da fé cristã e como ela sustentou os russos nos períodos mais difíceis: “A fé sempre nos acompanhou, fortaleceu-se quando nosso país, nosso povo enfrentou momentos particularmente difíceis”, disse ele.
O que o Presidente russo parece não saber (ou sabe, mas ignora nos dias atuais) é que se dependesse da ideologia comunista, de fato, em sua totalidade, o próprio cristianismo desapareceria, visto que um dos objetivos mais importantes da doutrina marxista era/é eliminar Deus e toda forma de metafísica da sociedade, substituindo-os pelo culto ao Estado e seus governantes, como exemplificam atualmente os regimes da Coreia do Norte, China e Cuba.
Putin diz que a ideologia comunista é como uma “nova religião”
“Houve anos tão graves de ateísmo militante durante o período soviético quando os sacerdotes foram mortos, as igrejas foram destruídas [não por acaso]. Mas, ao mesmo tempo, uma nova religião estava sendo criada – a ideologia comunista, que é muito semelhante ao cristianismo, de fato”, disse Putin, acrescentando que:
“Liberdade, igualdade, fraternidade, justiça – tudo isso está consagrado na Sagrada Escritura, está tudo lá. E quanto ao Código dos Construtores do comunismo? Esta é uma sublimação, é realmente apenas um trecho primitivo da Bíblia, nada de novo foi inventado”.
Para o pastor, historiador e escritor Thiago Oliveira, apesar de haver semelhanças entre a ideologia comunista e cristã como afirma Putin, não há qualquer conciliação entre as Verdades do evangelho bíblico com tal ideologia, visto que os pressupostos da fé cristã estão acima de qualquer visão de natureza política:
“Se nós somos cristãos e temos os nossos pressupostos baseados na Escritura, logo, não podemos abraçar uma doutrina concorrente ao cristianismo. Ainda mais quando esta corrente enxerga a religião, ou melhor, a metafísica como sendo um produto da opressão, uma vez que os oprimidos a inventaram como um entorpecente que alivia a dor (ópio).
A doutrina cristã não foi fabricada. Ela é a revelação de Deus por meio do seu Filho, trazendo boas novas de salvação. Não que ela negue que existam opressores e oprimidos, essa realidade existe e se lermos os profetas, os evangelhos e as cartas apostólicas, veremos que Deus está sempre do lado dos pobres quando os ricos não agem corretamente e tolhem a justiça, devido a sua ganância. Mas isto é muito diferente do que almeja o marxismo”, escreveu ele no site Electus, que conclui:
“O marxismo é, como diria Schaeffer, uma heresia cristã; e como tal não pode ser abraçada por quem ama o Evangelho e se pauta no princípio do Sola Scriptura. Na verdade, toda a ideologia acaba sendo idólatra, pois tem o humanismo por fundamento e deifica algum elemento da criação, depositando nele a salvação”.
O Livro Negro do Comunismo – Uma obra reveladora
Uma das obras de maior repercussão e crítica sobre a origem e desenvolvimento da ideologia comunista se chama “O Livro Negro do Comunismo – Crimes, Terror e Repressão” (clique aqui para download), escrito por vários pesquisadores europeus, alguns dos quais vivenciaram o período áureo da União Soviética.
O livro chama atenção pela riqueza de informações, fontes e dados estatísticos polêmicos. Segundo a obra, o número de mortes provocadas pela ideologia comunista no mundo até a data da sua publicação em 1997 foram:
20 milhões na União Soviética; 65 milhões na República Popular da China; 1 milhão no Vietnam; 2 milhões na Coreia do Norte; 2 milhões no Camboja; 1 milhão nos Estados Comunistas do Leste Europeu; 150 mil na América Latina; 1,7 milhões na África; 1,5 milhões no Afeganistão e 10 000 mortes “resultantes das ações do movimento internacional comunista e de partidos comunistas fora do poder” (página 4).