Recentemente estatísticas mostram que a Eritréia possui pelo menos 1.918 cidadãos presos e sendo submetidos a torturas e trabalhos forçados por causa de sua fé.
De acordo com a lista obtida pela agência de notícias Compass em agosto, 95% desses religiosos prisioneiros de consciência são cristãos.
Um total de 35 pastores, padres e presbíteros estão presos no centro de investigação de Wongel Mermera em Asmara. Outros 1.758 cristãos, tanto protestantes, como ortodoxos, estão presos em outras 14 cidades.
De acordo com informações compiladas pelo Compass, 163 desses cristãos estão presos desde o início de 2006. Acredita-se que um quarto de todos os presos está encarcerado há dois anos ou mais.
Além disso, 69 muçulmanos estão detidos em Wongel Mermera por se oporem à interferência do governo na indicação do mufti (líder islâmico). Entre eles está Taha Modammed Noor, membro fundador da Frente de Libertação da Eritréia em 1961, e um membro da fundação islâmica Awqaf.
Preso em Asmara em novembro de 2005, Noor se recusou, mesmo sob tortura, a aceitar a interferência do governo nas relações religiosas dos muçulmanos, que constituem metade da população.
Pelo menos 27 adeptos das Testemunhas de Jeová também estão presos por não prestarem o serviço militar, que a lei exige para todos os cidadãos, de ambos os sexos.
Fuga
Nenhum dos presos no atual governo, que começou há mais de quatro anos, foi levado perante a corte.
De acordo com os últimos números, 475 cristãos estão presos em Wi´a; duzentos e cinqüenta em Sawa (incluindo 50 estudantes presos, de Mai Nefthee, em maio); 192 em Dongoloi Aiai; 130 em Mai-Serwa; 78 em Adi-Abyto; 55 em Sembel; 155 em várias prisões em Asmara; 37 em Keren; 22 em Mendefera; 115 em Assab; 97 em Gelalo; 21 em Dekemhare; 56 em Adi-Kualaa e 75 em Massawa.
No mês de agosto, outros 29 cristãos foram presos em cidades como Asmara, Keren e Massawa, de acordo com a organização Release Eritreia, baseada em Londres.
Dez evangélicos foram presos em Asmara durante uma reunião de oração, no dia 17 de agosto, de acordo com a Release Eritreia. Em batidas policiais semelhantes foram pressas 15 pessoas em Keren e quatro em Masswa em meses anteriores.
As únicas libertações conhecidas nas semanas recentes ocorreram em Wi´a, quando alguns poucos entre centenas de soldados cristãos presos em uma cela militar foram soltos depois de assinar declarações renunciando à fé cristã.
Outros prisioneiros escaparam – num deserto perigoso. Fontes locais confirmaram que quinze dos 130 cristãos presos em containeres de metal numa prisão em Assab conseguiram escapar no dia 16 de maio. Os homens fugiram pelo deserto em direção à fronteira com Djibuti, mas, dois dias depois, policiais que os perseguiam encontraram os corpos de cinco homens. O destino dos outros dez cristãos ainda permanece desconhecido.
Repressão contínua
Destituído por uma ordem do governo em janeiro de 2006, Abune Antonios, da Igreja Ortodoxa permanece sob guarda policial em Asmara, proibido de deixar sua residência e agora sem o direito de receber visitas. Seu sucessor não oficial, Abune Dioscoros, ainda está para ser reconhecido pelo papa da Igreja Copta Ortodoxa no Cairo.
Desde março, 65 líderes do movimento de renovação Medhane Alem dentro da Igreja Ortodoxa foram abertamente ameaçados de excomunhão caso não confessassem estar seguindo ensinamentos heréticos.
Acredita-se que Abune Antonios tenha caído no desfavor do governo ao protestar contra a prisão, em março de 2005, de três padres ortodoxos ativos no movimento da escola dominical.
O Departamento de Relações Religiosas negou permissão à Igreja Anglicana em Asmara de suprir seu próprio púlpito, desde outubro de 2005, quando o reverendo Nelson Fernandez foi sumariamente expulso do país. Para desânimo da congregação Anglicana, o controle de atividades da igreja foram entregues à Igreja Luterana registrada, segundo informações de uma fonte.
Informações estão circulando em Asmara de que o governo planeja fechar a Escola Elementar Anglicana num futuro próximo.
“Todas as igrejas fechadas aqui estão passando pelo grande desafio de continuar existindo”, relatou uma fonte. Muitos líderes de igrejas protestantes estão presos, e suas Bíblias e propriedades, confiscadas”.
Mas, apesar das prisões e da fiscalização, os evangélicos locais disseram ao Compass que continuam a se reunirem para adorar, orar e estudar a Bíblia em suas casas. “Orem por proteção divina, especialmente quando nos reunimos para oração. Todas as igrejas estão numa enorme necessidade por Bíblias em seus ministérios”, disse um desses irmãos.
Desde maio de 2002, o governo da Eritréia baniu todos os grupos religiosos independentes que não estavam sob as confissões ortodoxa, católica, luterana e muçulmana.
Fonte: Portas Abertas