A ativista pró-aborto Camila Mantovani, que se apresenta como evangélica e é filiada ao PSOL, afirmou que irá deixar o Brasil após sofrer perseguição e ameaças de morte, e também receber mensagens de ódio.
Feminista, Camila atua na contramão do consenso cristão em relação à preservação da vida desde a concepção e fundou a Frente Evangélica pela Legalização do Aborto. Em 2018, foi convidada pelo programa Amor & Sexo, da TV Globo, para defender o direito à interrupção da gestação.
A jovem de 24 anos é membro da Igreja Batista do Caminho, congregação liderada pelo controverso pastor Henrique Vieira, também filiado ao PSOL, colaborador do grupo esquerdista Mídia Ninja e camarada de Jean Wyllys, ex-deputado que também se exilou na Europa após alegar sofrer ameaças de morte.
“Há algum tempo eu estou sendo ameaçada e perseguida. Minha vida está em risco nesse momento. Ameaças de morte e mensagens de ódio eu já recebo na internet há pelo menos dois anos. De setembro pra cá, a coisa se materializou de outro jeito. São perseguições, gente de tocaia na porta da minha casa e pessoas armadas me seguindo na rua”, afirmou Camila, em entrevista ao telejornal RJTV.
As ameaças que ela estaria sofrendo seriam fruto de sua defesa do aborto: “Eu milito na Frente Evangélica pela Legalização do Aborto já tem dois anos. Uma frente de mulheres evangélicas de denominações diferentes que têm uma perspectiva acerca do evangelho. É uma perspectiva de defesa da vida das mulheres”, resumiu.
Na entrevista, ela afirmou que precisou se mudar uma vez devido as ameaças que sofria, e em setembro do ano passado, saiu da casa onde morava e passou a não ter mais endereço fixo. A mudança para o exterior está sendo organizada e custeada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristas do Brasil (CONIC), uma entidade alinhada à ideologia de esquerda.
O caso de Camila Mantovani está sendo investigado após a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) encaminhar o caso para investigação do Ministério Público e da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
“É muito preocupante o que está acontecendo com a Camila. Não é o primeiro caso. Já temos informações e denúncias de outros casos muito parecidos. Isso é muito preocupante. Uma pessoa ter que se retirar do Brasil porque não se sente segura fazendo o que faz e dentro da religião que escolheu para sua vida”, disse a deputada estadual Renata Souza (PSOL), presidente da comissão de Direitos Humanos da ALERJ.
Em seu site, o CONIC divulgou uma nota em solidariedade à ativista pró-aborto e afirmou que seu “protagonismo” na militância “tem provocado a raiva de líderes religiosos evangélicos fundamentalistas”.
“Eu estou me sentindo mais segura pelo fato de estar indo embora. Isso me deixa numa posição um pouco mais confortável para falar sobre isso, pra dizer que isso tá acontecendo”, comentou Camila.
Amor & Sexo
Durante sua participação no programa global levado ao ar em novembro último, Camila Mantovani disse que a Bíblia “oferece argumentos em favor desta luta” de legalização do aborto. Um ano antes, numa entrevista ao jornal O Globo, ela havia defendido uma interpretação enviesada do livro de Êxodo para reforçar sua bandeira.
“Algo que tem funcionado para conseguir apoio nessa pauta é trabalhar com dados. Mostrar porque a criminalização não funcionou e explicar que defender a legalização é diferente de defender a prática. Resgatamos alguns trechos da Bíblia, como uma do Êxodo (capitulo 21, versículos 22 e 23), no qual fica claro que a vida da mulher está muito acima da do feto, quando diz que a vida dela deve ser paga com outra. Enquanto no caso da perda do feto, o agressor deveria ser ‘multado’. Temos na Bíblia um exemplo do quanto a vida da mulher vale mais do que a de um embrião”, disse na ocasião da entrevista ao jornal.
No programa comandado por Fernanda Lima, Camila repetiu o discurso usado pelo pastor Henrique Vieira, dizendo que “a gente crê num Deus que se fez corpo… um corpo marginal, negro, numa periferia chamada Nazaré. Não faz sentido, hoje, hostilizar os corpos que são marginais”.
Por fim, Camila opinou que a discussão sobre a legalização é impedida pelo que definiu como “fundamentalismo religioso”, e apontou uma solução que atende apenas à sua convicção pessoal: “Não se pode pautar as políticas públicas segundo as nossas concepções de pecado. Isso é muito errado, inclusive do ponto de vista do próprio Evangelho”.