O empenho dos cristãos pró-vida na Argentina rendeu resultados, e o Senado do país rejeitou a legalização do aborto por 38 votos a 31, na última quinta-feira, 09 de agosto. A vitória da vida foi o desfecho de uma sessão que durou 17 horas e impôs muita expectativa aos manifestantes favoráveis e contrários.
A proposta que havia sido aprovada pelos deputados previa a descriminalização da interrupção da gestação até a 14ª semana (proposta mais agressiva que a atualmente em discussão no Supremo Tribunal Federal no Brasil) e movimentou a sociedade em torno do debate.
No sábado passado, 04 de agosto, dias antes da votação decisiva do projeto, milhares de evangélicos foram às ruas, fechando a principal avenida de Buenos Aires, capital argentina, pedindo proteção à vida. Antes, os católicos já haviam se manifestado contrariamente também.
De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, houve celebração e fogos de artifício da parte dos defensores da vida após a divulgação do resultado da votação. Entre os abortistas, manifestações com panelaço e gritos de “não desistiremos”, como forma de protesto contra a decisão.
Cristina Kirchner, ex-presidente do país entre 2007 e 2015, foi uma das últimas a discursar e revelou ter mudado de opinião sobre o aborto. Antes, ela era contra, e agora, favorável. “Hoje penso diferente porque ouvi a voz das jovens, dessa geração de mulheres feministas que estão destruindo uma sociedade machista e patriarcal e precisam do nosso apoio”, alegou.
Por fim, disse que gostaria que suas duas netas pequenas tivessem orgulho dela no futuro: “Porque vai estar legalizado, se não for hoje, será dentro de um ano ou dois”, acrescentou.
A real motivação de quem defende o aborto foi expressa pelo senador e cineasta Fernando “Pino” Solanas, que votou a favor da interrupção da gravidez dizendo que os jovens devem “gozar a vida com liberdade”.
Os ex-presidentes e senadores Carlos Menem e Adolfo Rodriguez Saá se posicionaram contra a legislação, assim como Esteban Bullrich, um dos líderes da aliança governista Mudemos, para quem “a maternidade não deveria ser um problema. Se não houvesse vida, não haveria Senado nem leis”.