É impossível separar a história da igreja evangélica dos hinários. Tanto o “Cantor Cristão” quanto a “Harpa Cristã” fizeram e ainda fazem parte das cerimônias religiosas de muitas igrejas protestantes. Todavia, com o passar do tempo a tradição de inserir cânticos desses livros na programação dos cultos foi se perdendo e atualmente já não vemos presente em muitas denominações.
Com o objetivo de resgatar a memória e importância dos hinos cristãos, o autor Christopher N. Phillips escreveu um livro chamado The Hymnal: A Reading History (O Hinário: Uma História da Leitura), onde defende como os hinários ajudaram a fundamentar a doutrina cristã ao longo da história.
“Os hinários serviram para um propósito maior. Hinos de adoração alimentam a personalidade corporativa”, escreve Phillips. “Hinários estavam em todo lugar, não só na igreja, mas nas escolas e nos lares.”.
De fato, tanto a Harpa Cristã como o Cantor Cristão, os mais conhecidos da comunidade evangélica, eram tratados como livros indispensáveis para a realização do culto a Deus. Dificilmente um fiel ia para a igreja sem levar consigo o hinário, fonte de consulta dos “corinhos”.
Diferentemente de algumas músicas da atualidade, a riqueza linguística, poética e doutrinária dos antigos hinos cristãos também ressaltam o que o para Phillips é um reflexo da maneira como estamos nos relacionando com Deus.
“Não somos formados apenas pelo conteúdo que lemos, mas pela forma como lemos e também com quem lemos”, disse ele, traçando uma diferença entre os dispositivos tecnológicos atuais, por exemplo, como projetores digitais e retroprojetores.
O autor fundamenta que o simples fato de carregar nas mãos o livro e poder consultá-lo para ler estimula o aprendizado, memorização e relacionamentos entre o povo, uma vez que muitos dependem do auxílio do irmão ao lado para acompanhar a canção, algo que praticamente não existe com letras (e versículos) projetados em uma tela.
Por fim, outra característica dos hinos cristãos está na construção das letras. Muitas retratam situações reais de vida, incluindo versões cantadas de passagens da Bíblia, algo comum na tradição judaica, por exemplo. A fidelidade aos textos bíblicos é um ponto forte e reforça o aprendizado da congregação.
“A história do hinário foi escrita por cristãos sinceros e famílias de várias etnias, classes econômicas e denominações”, destaca o autor, segundo informações do Christian Today.