Uma procuradora de Justiça passou a ser alvo de ataques após emitir opiniões pessoais a respeito da natureza reprodutiva humana envolvendo pessoas LGBTs e, também, reafirmar o que a Bíblia ensina sobre a vontade de Deus com relação ao homem e mulher.
Denise Guimarães, procuradora do Ministério Público de Alagoas (MP-AL), não percebeu que após encerrar uma reunião semanal feita entre os procuradores do seu estado, na última quinta-feira, o seu microfone permanecia funcionando.
Com isso, ela foi gravada ao conversar com um colega, criticando a decisão de outro procurador chamado Márcio Roberto, que resolveu ceder um veículo em regime de comodato para a ONG Grupo Gay de Maceió, em nome do Tribunal.
“Márcio deu até um carro”, disse ela em tom crítico. Na sequência, a jurista fez alusão à verdade biológica de que pessoas do mesmo sexo – em relacionamento sexual – são incapazes de produzir filhos, dando a entender que tal realidade só existe porque contraria a vontade divina da criação.
“Deus disse: ‘Crescei e multiplicai. Quem disser que esse tais LGBT multiplicam, eu calo”, completou a procuradora, citando trecho da Bíblia sagrada situado em Gênesis 1:28 e 9:7.
O mesmo livro bíblico faz referência à criação da espécie humana, onde Deus expressa o seu modelo de família, neste caso, constituída pela relação exclusiva entre os sexos macho e fêmea: “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne”, diz o verso 24 do capítulo 2.
Reações
O Grupo Gay de Maceió, por sua vez, encarou a declaração da procuradora como exemplo de “homofobia”. Em nota, a ONG disse que procurará meios legais para tratar do caso.
“Vamos conversar com a chefia do Ministério Público para entender a situação e vamos também acionar o nosso jurídico e as lideranças nacionais pois essas falas cheias de preconceito não podem ser vistas como apenas um episódio isolado”, diz a entidade.
O Ministério Público de Alagoas também se pronunciou, segundo o G1, dizendo que a fala da procuradora se deu em contexto privado, não tendo sido pauta da discussão entre os procuradores naquela ocasião.
O órgão, porém, frisou que “tem o dever constitucional de promover a defesa intransigente de todos os direitos dessas comunidades [LGBTs e outras minorias], razão pela qual, não comunga com nenhum tipo de ação discriminatória praticada por qualquer um dos seus membros e servidores.”