Obras foram encontradas por oficial russo em Berlim, em 1945.
Coleção possui discos de compositores judeus e russos.
Uma coleção de discos levados do quartel-general de Adolf Hitler no final da Segunda Guerra Mundial inclui obras de compositores russos e judeus, segundo uma reportagem da revista alemã Der Spiegel.
A revista semanal afirmou que a filha de um oficial da inteligência russa mostrou uma coleção de cerca de 100 discos que seu pai levou da chancelaria do Reich em Berlim quando a cidade foi conquistada pelo Exército Vermelho em 1945.
Apesar dos álbuns previsíveis, como a abertura da ópera “O navio fantasma”, de Richard Wagner, o preferido de Hitler, a coleção inclui trabalhos de compositores da Rússia, gente que era considerada sub-humana pela ideologia nazista, segundo informa a reportagem.
Entre as obras levadas por Lev Bezymenski estavam uma ária de Modest Mussorgsky, “Boris Godunov”, executada pelo russo Fyodor Shalyapin, e um álbum de Tchaikovsky em companhia do violinista Bronislaw Huberman – judeu polonês – como solista. Obras de Rachmaninov e Borodin também figuram na coleção.
“Eu achei grotesco”, disse Alexandra Bezymenskaya, filha de Bezymenski, à revista. “Milhões de eslavos e judeus morreram como resultado da ideologia racial nazista.”
Artur Schnabel, pianista judeu da Áustria, terra natal de Hitler, também está na coleção. A família Schnabel deixou a Alemanha quando Hitler subiu ao poder e se tornaram cidadãos americanos em 1944.
Eram de Hitler?
Não está claro a quem os discos pertenciam, se Hitler realmente os escutou ou o lugar da chancelaria onde foram encontrados.
A Der Spiegel publicou uma fotografia de um disco com uma etiqueta na qual podia-se ler “quartel-general do Fuehrer” e com um número de inventário.
De acordo com a reportagem, Bezymenskaya achou por acaso os discos, que ficaram armazenados no sótão da fazenda de sua família perto de Moscou, até 1991. Até que, há três anos, Alexandra persuadiu seu pai a escrever sobre a coleção.
“Eram gravações de música clássica executada pelas melhores orquestras e solistas da Europa e da Alemanha na época”, escreveu Bezymenski. “Foi uma surpresa pra mim que lá tivesse também música russa.”
Bezymenski, que também era judeu, escutou os discos – alguns arranhados e quebrados, mas na maioria bem preservados – e escreveu que ocasionalmente os emprestou a músicos.
Após a guerra, Bezymenski se tornou historiador e professor na academia militar de Moscou, e morreu em 1986. Sua filha ainda não decidiu o que fazer com a coleção.
Fonte: G1