Um dos textos do livro “Mídia e religião na sociedade do espetáculo”, lançado pela Editora Metodista, aborda o sucesso da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Para Eduardo Refkalefsky e Cyntia Lima, da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edir Macedo “criou e desenvolveu uma organização que precisa ser estudada para que empresas, consultores, teóricos e acadêmicos aprendam melhor a realidade da comunicação, marketing e administração na sociedade e economia contemporâneas”.
Para os autores, o diferencial da igreja é o fato de ter escolhido um inimigo claro: “A IURD posiciona-se contra e a partir da doutrina umbandista: reconhece o ‘poder' de suas entidades, porém afirma que são ‘diabólicas', precisando, por isso, ser combatidas. A Igreja Universal é exatamente aquela que se encarregaria de combater o ‘mal demoníaco' da umbanda”.
Com isso, diz o texto, a Universal aceita a existência do mundo mágico que integra a matriz religiosa brasileira “e não se opõe às crenças da maioria da população do país, como havia feito o protestantismo tradicional”.
Os autores também afirmam que Macedo conhece profundamente a umbanda porque teria sido praticante de seus ritos antes de ser pastor. Na biografia “O bispo” (Editora Larousse), lançada no ano passado, o líder limita-se a dizer que freqüentou centros espíritas na adolescência.
Nascido em 1945, Edir Macedo entrou na Igreja Nova Vida aos 17 anos e teria se convertido realmente aos 19. Em julho de 1977, realizou o primeiro culto em sua Igreja da Bênção, mais tarde Universal.
O crescimento da IURD foi avassalador e hoje ela está presente em dezenas de países. Em 1989, numa negociação ainda envolta em questionamentos, a Universal adquiriu a TV Record. Passou então a ser alvo de freqüentes reportagens atacando seus métodos de arrecadação de doações, veiculadas especialmente na TV Globo.
O ápice da “guerra santa” com a Globo se deu em 1995, com a exploração do episódio do “chute na santa” (“nosso maior erro”: “atrasou nosso trabalho em dez anos”, reconhece Macedo no livro) e a exibição da minissérie “Decadência”, na qual um pastor inescrupuloso, interpretado por Edson Celulari, chegou a dizer frases inteiras retiradas de uma entrevista que o bispo havia concedido à revista Veja anos antes.
Em relação a outras igrejas pentecostais e neopentecostais, Edir Macedo opina em “O bispo”: “Eu vejo grandes deficiências em muitas denominações. A maior delas é a exploração da fé emotiva. Abusa-se o tempo todo da emoção em detrimento da fé inteligente”.
E, sobre o futuro de seu grupo na mídia, é taxativo: “Vamos ser líderes na comunicação no Brasil. A Record será a número um. Iremos trabalhar o tempo que for necessário, mas vamos chegar lá. Não tem volta”.
Fonte: ALC