Uma mulher grávida, diagnosticada com uma grave doença cardíaca, foi aconselhada pelos médicos a realizar um aborto terapêutico, a fim de possibilitar que ela pudesse ser submetida a uma cirurgia que corrigisse seu problema. No entanto, ela recusou.
A decisão de Fabiana Felisberto, à época grávida de 14 semanas, obrigou os médicos do Hospital dos Servidores do Estado (HSE), no Rio de Janeiro, a formarem uma equipe multidisciplinar para encontrar uma forma de tratar o caso de esteno mitral grave.
Reunida a equipe, liderada pelo cirurgião cardíaco Olívio Souza Neto, os especialistas estudaram o caso e tentaram antecipar todas as variáveis. Após as decisões tomadas, a cirurgia – minimamente invasiva – foi realizada com sucesso.
Agora, um ano depois, o caso inédito deverá ser publicado em revistas de referência e foi contado no American Association for Thoracic Surgery AATS Cardiovascular Valve Symposium 2015, um congresso americano sobre estudos de avanços na área cardiovascular.
De acordo com informações do jornal O Globo, Fabiana revelou que tinha fé para enfrentar a delicada cirurgia: “Pensei: se Deus quiser levar meu filho durante a cirurgia, tudo bem, mas não vou fazer nada antes. O que aconteceu comigo foi milagre, e Deus é tão firmeza que colocou o Dr. David [Esteves] no meu caminho”, disse, referindo-se ao médico cardiologista responsável pela unidade materno-fetal do HSE, que integrou a equipe multidisciplinar.
Membro da Igreja Palavra Viva, em Belford Roxo (RJ), Fabiana atua no grupo de dança da denominação e suspira quando fala do filho, Enzo, que tem seis meses de vida: “Ele é um xodó, uma benção”.
Para o médico responsável pelo caso, a percepção de Fabiana de que o desfecho da cirurgia foi um milagre não está longe de ser verdade: “A gravidez da Fabiana desequilibrou a doença, que já tinha indicação cirúrgica. Quando a encontrei, ela pediu que não tentasse convencê-la a tirar o bebê, porque ia dar tudo certo. Eu disse que ela poderia não aguentar, mas, de fato, a cirurgia ocorreu sem a menor intercorrência. Há coisas que não conseguimos explicar”, disse Neto.