O novo romance de Jeffrey Archer, baseado numa nova leitura do Novo Testamento, foi hoje apresentado em Roma e “promete” relançar o debate sobre a figura de Judas Iscariotes, o apóstolo acusado de trair Jesus Cristo.
Na sessão de lançamento do livro, Archer explicou tê-lo escrito motivado pelas suas dúvidas relativamente ao percurso da vida de Judas, que considera “provavelmente diferente” do transmitido ao longo dos tempos pela tradição cristã.
Segundo o autor, há dúvidas sobre se Judas se suicidou após ter traído Cristo, porquanto era judeu e, como tal, estava implicitamente proibido de se suicidar.
Por outro lado, Archer admite que a relação de Jesus com Judas tivesse sido mais estreita do que a que manteve com qualquer outro apóstolo.
“Judas – disse – era, provavelmente, o apóstolo mais amado por Jesus e talvez o único capaz de compreender completamente a sua missão na Terra. Poderá ter sido Jesus a pedir-lhe que o traísse”, antecipando assim a salvação da humanidade.
Escrito em colaboração com o australiano Francis Moloney, um dos maiores estudiosos da Sagrada Escritura, “O Evangelho Segundo Judas por Benjamim Iscariotes” é um relato da história de Judas, provavelmente a personagem bíblica mais estigmatizada, feito através das memórias de um filho primogénito, Benjamim Iscariotes, que Archer faz “falar” na primeira pessoa.
“Nem todas as coisas escritas neste livro podem ser vistas como prováveis, mas tudo deve ser tido como possível”, observou Moloney na conferência de imprensa.
“O meu papel na elaboração do novo evangelho – esclareceu – consistiu em fazer com que um livro pensado por Archer para um público-alvo do século XXI possa, ao mesmo tempo, parecer credível a um cristão ou um judeu do século I”, época em que foram redigidos os restantes quatro evangelhos canónicos: os de João, Marcos, Mateus e Lucas.
Fruto da colaboração entre um autor de ficção e um investigador, a obra, lançada hoje simultaneamente em oito idiomas, apresenta, segundo Archer, “a tradicional história da vida de Cristo agora sob o ponto de vista de Judas”.
“Não encontrámos a resposta para o mistério da vida de Judas. A sua relação com Jesus continuará a ser polémica”, acrescentou o académico australiano, sublinhando que o verdadeiro propósito da obra é “reaproximar os cristãos dos quatro evangelhos clássicos”.
Em Portugal, a publicação do livro, do qual serão impressas à escala mundial 500 mil cópias na primeira edição, está a cargo da editora Europa-América.
A nível internacional, será publicado em inglês, alemão, espanhol, italiano, holandês, polaco e servo-croata, com ausência, para já, da língua francesa, por motivos alheios aos autores.
As receitas obtidas com a primeira edição reverterão a favor da construção de uma escola na ilha de Suvai, a mais carenciada do arquipélago de Samoa, no Pacifico.
Fonte: Observatório do Igarve