O pastor Samuel Câmara deu um novo passo para a fundação de uma nova convenção das Assembleias de Deus, dissidente da entidade que hoje é majoritária na denominação, a CGADB, presidida pelo pastor José Wellington Jr, ao pedir seu desligamento de forma oficial.
O documento foi protocolado no último dia 31 de outubro e o pastor destaca que a escolha da data coincidiu com a celebração dos 500 anos da Reforma Protestante e seu aniversário de 60 anos de vida.
Câmara passou 33 anos filiado à CGADB e disputou diversas eleições para a presidência, e a disputa com o clã Bezerra da Costa sempre resultou em atritos e disputas judiciais. Na última eleição, realizada através de uma plataforma na internet, a Justiça supendeu o pleito, mas a diretoria da CGADB levou os procedimentos adiante, ignorando a invalidação de mais de 10 mil inscrições por causa de irregularidades e deu posse a José Wellington Jr. filho do ex-presidente, José Wellington Bezerra da Costa, que passou aproximadamente 30 anos no comando da entidade.
“Venho requerer, de forma irretratável e irrevogável, meu desligamento dessa Convenção Geral, nos termos do Artigo 5º da Constituição Federal, inciso XX. Esclareço que este pedido se restringe, tão somente, ao desligamento da CGADB, nada tendo a ver com pastorado e membresia da Assembleia de Deus, Igreja da qual faço parte e sirvo, desde sempre”, frisou Câmara no protocolo.
De acordo com informações do portal JM Notícia, a ideia de Câmara é fundar, com o apoio de 25 mil pastores espalhados pelo Brasil, a Convenção da Assembleia de Deus do Brasil (CADB): “É um novo movimento que vem trazer avanços, dinamismo e resgate histórico da Assembleia de Deus. […] Nasce frutífero e abençoado com inúmeros pastores, ministérios e convenções que se unem para fazer um Assembleia de Deus mais forte”, declarou Samuel Câmara.
No último domingo, 05 de outubro, a Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Amazonas, presidida pelo pastor Jônatas Câmara, anunciou em uma reunião com mais de três mil obreiros que a entidade estava se desligando oficialmente da CGADB, confirmando que há uma articulação em andamento para a fundação da nova entidade.
Esse movimento maciço e coordenado é uma resposta à postura adotada pelo clã Bezerra da Costa na direção da CGADB. Muitos pastores da Assembleia de Deus acusam a família do ex-presidente de ter transformado a entidade em uma monarquia. A CGADB é controladora, por exemplo, da editora Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).
Às vésperas da última eleição, o pastor Cícero Tardim, da Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Paraná (CIEADEP), teceu duras críticas à família Bezerra da Costa: “Como membro da CGADB ele [Wellington Jr.] tem todo direito de se candidatar, porém, o fato de ser filho do atual presidente da instituição deveria ser um ponto de reflexão. Muito tempo no poder, então deveria deixar de ser egoísta e pensar que não são os únicos capacitados e habilitados para presidir a nossa magna CGADB. Não é uma monarquia”, disparou.
O movimento de fundação da nova convenção nasce, segundo o pastor André Câmara, filho de Samuel Câmara, em um vácuo aberto pela própria CGADB: “Muitos pastores do Brasil já saíram ou estão em processo de sair, mas de forma espontânea e pessoal. Parece inevitável que um movimento levantado por Deus aconteça para dar dinâmica e visão para pastores assembleianos”, afirmou, salientando que a nova entidade seria “livre e fiel às ideias históricas da Assembleia de Deus”.