Enquanto a Record diz estar preocupada apenas com a Globo (“a caminho da liderança”, diz seu slogan), o SBT se mobiliza na surdina para impedir que sua principal concorrente cresça ou mesmo mantenha o atual estado de empate técnico no Ibope. Em agosto e setembro, SBT e Record ficaram na faixa dos 6 pontos nas 24 horas do dia.
Como as duas emissoras estão brigando por cada minuto do dia, o SBT decidiu investir no horário que é considerado o calcanhar de Aquiles da Record: sua programação religiosa de todas as madrugadas.
O SBT vai colocar o erotismo para enfrentar a religião: modelos lindas, escassamente vestidas e sibilantes vão atender aos telespectadores, por telefone. É a nova versão do programa “Fantasia”, que fez imenso sucesso no SBT no final dos anos 90. Era inspirado no programa italiano “50 Mulheres”.
O programa será ao vivo, a princípio da 1h às 3h. Será comandado por dois casais: Ellen Ganzarolli, Luiz Bacci e Patrícia Salvador já estão definidos; falta escolher um outro apresentador.
Pelo menos 40 garotas foram selecionadas para mais essa versão do “Fantasia”. Elas vão passar parte da madrugada – quando o ibope da Record beira o traço – recebendo mensagens, brincando e conversando com telespectadores. Haverá sorteios e games.
Tudo indica que será um golpe duro contra a Record, porque o programa certamente vai ampliar a diferença do SBT em relação à TV do bispo Macedo num horário crítico. Isso vai fazer diferença na hora de calcular a média de ibope nas 24 horas do dia.
A primeira versão do “Fantasia” entrou no ar em 97 com um “acidente”. Como as meninas recebiam ligações gratuitas via 0800, mais de 3 milhões de ligações ocorreram em menos de uma hora. Não sei se lembram, mas isso provocou um caos telefônico jamais visto em São Paulo. Diversas regiões chegaram a ficar horas sem telefonia.
A batalha pela vice-liderança no Ibope brasileiro vem se aprofundando desde o ano passado, quando a Record, então uma terceira colocada “convicta”, começou a registrar índices de crescimento acima da média das demais emissoras. Com projeto de longo prazo e investimentos na ordem de R$ 400 milhões (só nos últimos três anos), a Record almeja chegar ao topo da audiência e concorrer diretamente com a Globo no máximo em dez anos.
Fonte: O Verbo