O sucesso de mais um transplante de útero, dessa vez realizado no Reino Unido, o primeiro do tipo no país, tem servido para alimentar a especulação de que, no futuro, “mulheres trans” poderão engravidar e, portanto, gerar filhos.
O procedimento realizado este ano no Reino Unido envolveu duas irmãs. A mais velha, de 40 anos, resolveu doar o seu útero para a mais nova, de 34, que é portadora da síndrome de Rokitansky, uma condição que faz com que as mulheres não tenham o órgão desde o nascimento.
A cirurgia durou 18 horas no total e foi realizada no Hospital Churchill, de Oxford, em fevereiro passado. Ambas as mulheres receberam alta após dez dias de internação, com a receptora plenamente satisfeita com o resultado, segundo o jornal inglês The Independent.
De acordo com um dos médicos que atou na equipe composta por 30 profissionais de saúde, a receptora do transplante de útero já chegou à menstruar, o que indica significativamente o sucesso da operação.
“Uma vez que você chega a duas semanas – e no ponto em que a mulher tem uma menstruação – a chance de ela ter um bebê nesse ponto é muito alta e a chance de falha cai muito para baixo”, disse Richard Smith.
“Mulheres trans”
Apesar de todos os transplantes de útero já realizados no mundo terem sido realizados apenas em mulheres, o sucesso desse procedimento tem criado margem para alguns especularem se as “mulheres trans” – homens biológicos – poderão receber esse órgão um dia.
O Dr. Smith explicou que não há essa possibilidade no momento, sendo algo que, se vier a acontecer, ainda levará muitos anos de pesquisa para que todas as incompatibilidades biológicas sejam superadas.
“Há muitas etapas pela frente. Minha suspeita é de no mínimo 10 a 20 anos”, disse ele ao prever o futuro do transplante de útero para transgêneros masculinos.