Considerado um dos mais influentes pensadores cristãos do século 20, o teólogo Francis A. Schaeffer teria completado, se estivesse vivo, cem anos ontem, 30/01.
Ativista protestante, Francis escreveu livros, influenciou líderes religiosos e políticos e fundou em 1955, ao lado de sua esposa, Edith, a comunidade “L’Abri” (em tradução do francês, “O Abrigo), presente em diversos países, inclusive no Brasil. Nesta comunidade, eram incentivados os debates a respeito das questões vigentes na sociedade, e a perspectiva cristã sobre esses fatos.
Há relatos de que Francis Schaeffer iniciou, do ponto de vista cristão, o ativismo pró-vida, com sua militância contrária ao aborto, tanto nos meios protestantes quanto católicos. Artigo publicado no blog “O Contorno da Sombra” afirma que Francis se viu “compelido a orquestrar uma reação cristã de raiz protestante às muitas influências que ameaçavam solapar a fé de tanta gente. Para atingir este objetivo, trabalhou basicamente em duas áreas principais: a apologética e a política. Na primeira, salientou a necessidade de se debater de maneira direta e contundente quando se tratava de defesa da fé. Na segunda, incentivou a participação política maciça dos cristãos para que assim influenciassem os destinos de sua nação e do mundo em geral”.
Autor do livro “Um manifesto cristão”, Schaeffer teve essa obra considerada uma resposta cristã indireta aos conceituais “Manifesto Comunista” e “Manifesto Humanista”. Francis acreditava que o mundo, em sua época, vivia uma crise moral e que os cristãos, tanto protestantes quanto católicos, deveriam se posicionar de forma firme, marcando presença no que seus princípios diziam ser o correto.
Durante sua militância, aproximou-se dos políticos e partidos da direita conservadora norte-americana, e talvez por isso, tenha sido tão severamente criticado por historiadores. “De qualquer maneira, Francis Schaeffer deixou um legado muito importante para a Igreja que talvez ainda não tenha sido compreendido em toda a sua extensão e nas amplas teias de suas implicações. Vivemos tempos muito conturbados no último século, nos quais ainda estamos emaranhados, e talvez um dia possamos avaliar melhor a sua obra, inclusive naquilo que a acusam de politização excessiva ou extremismo conservador”, opina o artigo do blog “O Contorno da Sombra”.
Apesar de sua reconhecida importância, pairam questionamentos sobre as consequências das teses e ações de Francis Schaeffer. Analisando pelo ponto de vista dos defensores de cristianismo menos fundamentalista e longe da teologia da prosperidade, o artigo questiona se o quadro atual é resultado direto da influência do teólogo Francis Schaeffer: “Até que ponto, por exemplo, essa ênfase excessiva na política pode ser culpada pela bandalheira da prosperidade e do materialismo que vem assolando o meio evangélico nas últimas décadas? Em que medida o foco cristão na campanha ideológica pela normatização de preceitos morais pode ter descaracterizado, sublimado ou – pior – substituído a pregação pura e simples do evangelho da cruz de Cristo?”.
Fonte: Gospel+