A postura contra o aborto adotada pelo presidente Donald Trump desde a campanha eleitoral vem se consolidando e na última semana foi assinada uma lei que permite ao governo interromper o financiamento de clínicas de aborto.
A principal rede de clínicas abortivas dos Estados Unidos, Planned Parenthood, vive envolta em escândalos, como o flagrante de venda para o mercado negro de tecidos e órgãos de bebês ainda em gestação.
Trump sancionou a nova lei – aprovada com vantagem mínima no Congresso – em um evento a portas fechadas, segundo informações do jornal espanhol El País. Agora, o governo está livre de uma diretriz do ex-presidente Barack Obama, que impedia que os estados negassem recursos a hospitais e clínicas que praticam aborto.
De forma geral, a legislação norte-americana já proibia o uso de verba pública para custear abortos, exceto em caso de estupro, incesto ou grave risco à saúde da mãe. No entanto, essas regras eram burladas, com as verbas sendo, oficialmente, destinadas para custear outras atividades.
Uma pesquisa recente apontou que a maioria dos cidadãos norte-americanos, incluindo 48% dos filiados aos partidos, se opõem ao patrocínio que o governo fazia para a Planned Parenthood. Agora, há a expectativa de que outras clínicas da rede Planned Parenthood possam ser fechadas por falta de recursos.
O vice-presidente Mike Pence vem sendo o principal articulador da ofensiva contra o aborto nos Estados Unidos. Quando era governador de Indiana, ele lançou o projeto de lei federal para cortar a verba das clínicas de aborto, e agora, ajudou no convencimento dos parlamentares para a aprovação.
O anúncio da sanção da lei levou várias entidades de defesa da vida a celebrarem o gesto do presidente: “Dar prioridade à retirada de fundos da Planned Parenthood é uma vitória”, disse Marjorie Dannenfelser, presidente do Susan B. Anthony List, uma organização que se opõe ao aborto. “Esperamos que o Congresso continue com seus esforços para retirar recursos públicos [da organização] através da reforma do sistema de saúde”, acrescentou.
Atualmente, a Planned Parenthood vinha recebendo do governo a bagatela de US$ 550 milhões (R$ 1,7 bilhão) anualmente, além de outros US$ 60 milhões (R$ 189 milhões) dos Estados para cobrir “gastos médicos”.