Texto deve definir hoje Igreja Católica como a “única igreja de Cristo”, batendo de frente com outras doutrinas religiosas
Três dias depois da autorização para missas em latim por Bento XVI, o Vaticano deve entrar em nova polêmica hoje, ao definir a Igreja Católica como a única “de Cristo”, segundo a imprensa italiana. O anúncio está previsto na divulgação de um documento com o objetivo de combater o “relativismo eclesiológico”. Outras igrejas cristãs prometem protestar caso o texto não seja ecumênico.
A Congregação para a Doutrina da Fé promete esclarecer uma frase do documento Iumem Gentium, do Concílio Vaticano 2º, que já gerou polêmica no mundo cristão. O texto diz que a única igreja de Cristo “subsiste” na Igreja Católica. Segundo o jornal italiano ‘Il Giornale’, o texto de hoje também deve confirmar a declaração “Dominus Iesus” de 2000.
Antes de se tornar papa Bento XVI— que entrou de férias ontem —, o cardeal Joseph Ratzinger divulgou a “Dominus Iesus”. A declaração afirma que apenas a Igreja Católica dispõe de todos os meios de salvação e as protestantes são “comunidades eclesiásticas”.
Pastor luterano e mestre em Teologia pela PUC, Mozart Noronha torce para que a posição seja revista. “A Igreja Católica é de Cristo, mas não é a única. Na Bíblia, Jesus disse ‘Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco’”.
Para a professora de Sociologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Sílvia Fernandes, a confirmação do “Dominus Iesus” seria “um reforço do tradicionalismo e cai em contradição com a perspectiva ecumênica”. “A Igreja no Brasil, onde há pluralismo religioso grande, fica numa saia-justa com outras doutrinas”, afirma Sílvia.
Fonte: O Dia Online