SÃO PAULO – Um morador do primeiro andar do edifício London, onde a menina Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, morreu depois de ser arremessada do sexto andar do prédio, afirmou a polícia que ouviu gritos de criança na noite de sábado, antes da tragédia. “Pára, pai! Pára, pai!”, foi o apelo infantil ouvido pela testemunha.
Outra vizinha do Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, ligou para a polícia nesta segunda-feira e disse que viu o casal e as três crianças subindo juntos pelo elevador, contrariando o depoimento do casal. Os dois disseram à polícia que Nardoni subiu na frente com Isabella, deixou a menina dormindo num dos quartos e voltou ao carro para pegar os outros dois filhos, que ficaram com a mãe, no carro.
A vizinha que encontrou o casal no elevador deve ser ouvida nesta terça. Os policiais também esperam tomar depoimento de uma evangélica, moradora de uma casa vizinha, que ouviu a mesma frase de criança descrita: “Pára, pai, pára, pai”.
Um casal de advogados, que mora no 4 andar do prédio ao lado do edifício London, também prestou depoimento na noite desta segunda-feira e garante que ouviu brigas de casal no apartamento.
– Principalmente gritos da mulher – adianta um policial que participa da investigação.
No apartamento de Nardoni, peritos acharam marcas de sangue no hall do apartamento, num lençol do quarto onde a tela de proteção foi cortada e de onde a menina foi jogada. A polícia afirmou que a tela de proteção da janela do quarto foi cortada e que havia sangue nela. No IML, peritos que examinaram o corpo detectaram escoriações na testa e na lateral da barriga de Isabella, além das fraturas múltiplicas ocasionadas pela queda. O delegado Calixto Calil Filho acredita que ela foi agredida antes de ser arremessada. De acordo com peritos, esses ferimentos não poderiam ter sido causados na queda, o que indica que ela foi agredida, antes de ser jogada pela janela do quarto.
Histórico de brigas
No total, a equipe de investigação do 9º Distrito Policial (Carandiru) já localizou 12 testemunhas do caso. Encontrou o antigo edifício onde o pai de Isabella morou por três anos com a sua nova mulher. No prédio, a polícia ouviu síndico, subsíndico, vizinhos de porta e a resposta sobre a rotina do casal foi semelhante: brigas constantes, principalmente nos fins de semana em que Isabella os visitava – a menina morava com a mãe.
– Há narrativas de que se agrediam fisicamente e que Alexandre teria até ameaçado jogar a atual mulher da janela – disse um investigador que apura o crime.
O delegado Calil Filho chegou a ironizar a afirmação de Nardoni, que disse à polícia que um ladrão poderia ter entrado no apartamento e jogado a menina pela janela enquanto ele foi ao carro buscar os dois outros filhos. Nada no apartamento foi levado.
– Temos três averiguados. Um deles é um suposto ladrão, uma pessoa que nem conheço mas que o pai afirma ter entrado no apartamento e jogado a criança. O outros são os moradores, por estarem mais próximos da criança – afirmou.
A polícia realizou perícia no apartamento e nas roupas de Isabella: a camiseta da menina estava rasgada. Também foi pedida a análise dos dois carros do casal, um Ka e um Vectra. Foram levadas facas e outros objetos da cozinha.
A família se mudou para o local em fevereiro. No sexto andar, apenas o apartamento de Alexandre está ocupado. De acordo com o delegado Calixto Calil Filho, as câmeras do circuito interno do edifício apenas monitoram, e não gravam.
Fonte: Globo Online