Muitos usuários podem alegar falta de tempo, enquanto outros citam a praticidade para utilizar esses serviços on-line. Fato é que, enquanto milhares de pessoas se deslocam para ver o papa — Bento XVI chegou nesta quarta-feira (9) a São Paulo –, outros optam por agilizar suas atividades religiosas via internet, seja para fazer confissões, promessas ou até mesmo agradecer as graças alcançadas.
O site “Meu Santo” é um exemplo dessas páginas, sem qualquer ligação “oficial” com a igreja, criadas teoricamente para facilitar a vida dos fiéis. Lá, é possível fazer pedidos on-line e também enviar santinhos virtuais (R$ 20 mil unidades, distribuídos por e-mails aleatórios). “Enviamos o santinho por e-mail agilizando o pagamento de sua promessa e a divulgação de sua fé, com um custo menor e de uma maneira mais direta e imediata”, diz o site brasileiro.
Uma alternativa menos popular no país e também não reconhecida pela igreja é a confissão on-line, alternativa adotada principalmente por grupos religiosos dos Estados Unidos. Apesar de estar ganhando popularidade lá fora, essa novidade é contestada por especialistas brasileiros.
“A confissão é algo muito particular, muito íntimo, e deve ter o menor número de interferências possível. A tecnologia cria uma distância entre as pessoas e, por isso, não funciona nesses casos”, afirmou Jorge Claudio Ribeiro, professor titular do departamento de teologia e ciências da religião da PUC/SP. Sua colega Regina Maria Lopes, professora de introdução à teologia desse mesmo departamento, faz coro: “na confissão, os gestos e tom de voz são muito importantes. Se ela for feita pela internet, não há como a pessoa que ouve interpretar esses sinais”, continuou ao G1.
Desabafo
Apesar das críticas, é possível que essa alternativa se popularize cada vez mais na internet. “Esses sites ajuda as pessoas a entenderem que não estamos aqui para apontar seus erros, mas sim para ajudá-las”, afirmou ao jornal “Miami Herald” o pastor Troy Gramling, da igreja não-denominacional Flamingo Road Church, na Flórida. Esse centrou criou recentemente o site Ivescrewedup (“fiz algo errado”, em tradução livre), no qual os fiéis desabafam.
Uma internauta dessa igreja que tem 6,5 mil freqüentadores, por exemplo, escreveu na web sobre o aborto que cometeu há 18 anos e que lhe envergonha até hoje. As confissões divulgadas on-line — sem o nome dos “pecadores” — também trazem informações sobre vício em pornografia, furto de US$ 15 mil de um membro da família e promessas de amor a alguém que não é realmente amado. De acordo com a igreja, a página recebe mil visitas por dia e 200 novas confissões nesse mesmo período.
Fonte: G1