Uma polêmica celebração, promovida pelo patriarca apóstolo Renê Terra Nova e o Ministério Internacional da Restauração (MIR), tem repercutido entre pastores e blogueiros, que reprovam a iniciativa.
Classificada como “macumbaria gospel” por diversos blogueiros, o projeto de uma celebração no dia 12/12/12 prevê que os participantes do M12 pratiquem um jejum de doze horas, além de um toque de shofar, antigo instrumento usado por judeus, nos doze primeiros minutos da data, e ao 12h12, para fechar um “ciclo de 12”.
Essa celebração deve ser precedida de duas vigílias de doze horas nos dias 07/09 e 15/11, feriados nacionais. A justificativa de Terra Nova se baseia no argumento de que tal ação é necessária para a “remissão da vergonha nas áreas mais diversificadas”, como “política, moeda, educação, saúde, mídia e a conversão de empresários para que a nação prospere”.
Dentre os tópicos da programação de Terra Nova para o dia 12/12/12 está o “Feriado da Visão”, em que os seguidores de sua denominação vão “legislar a sua própria causa e buscar a conquista da liberação no trabalho, faculdade e escolas” para que possam “levar as multidões aos lugares selecionados” para o “maior avivamento da história”.
O pastor Renato Vargens comentou a divulgação desta celebração e se disse “com lágrima nos olhos” devido ao que classificou como “doutrinas fantasiosas”. Vargens é pastor presidente da Igreja Cristã da Aliança, em Niterói, Rio de Janeiro.
Em seu artigo “Renê Terra Nova e o fantástico mundo de Bobby”, o pastor Vargens ironiza a celebração proposta pelo apóstolo do MIR, comparando-as às fantasias do personagem do desenho animado da década de 1990: “Às vezes acho que o Apóstolo Renê Terra Nova vive num mundo a parte, isto porque, como ninguém nesse país, ele consegue elucubrar doutrinas fantasiosas”.
-Que cristianismo é esse ensinado pelo patriarca apostólico? Com absoluta certeza esse não é o cristianismo ensinado pelas Escrituras. Por favor, responda sinceramente: em que parte do Novo Testamento vemos Paulo, Pedro e os demais apóstolos anulando a graça de Deus em detrimento a um evangelho cabalista e místico? Ou quais são os versos neotestamentários que nos mostram o Senhor ensinando os discípulos atos proféticos a fim destronar principados e potestades? À luz das Escrituras afirmo sem a menor sombra de dúvidas que a doutrina dos decretos espirituais é espúria e antibíblica – protesta o pastor Renato Vargens.
A blogueira Vera Siqueira, esposa do pastor Paulo Siqueira (líder do Movimento pela Ética Evangélica Brasileira), publicou em seu blog Uma estrangeira no mundo, uma crítica ao anúncio de Terra Nova: “É muito, muito, muito triste ver que a macumbaria gospel está a pleno vapor em nosso meio. Sim, macumbaria. Afinal, qual outro nome devemos usar para isso?”, questiona.
Ilustrando sua definição de “macumbaria gospel”, Vera sugere: “Tire o contexto evangélico da história, e analise friamente. Algum religioso diz que o poder está em se fazer trabalhos específicos religiosos no dia 12/12/12, ou na sexta-feira 13. Os ritos têm que ser rigorosamente seguidos, senão o trabalho não funciona. O rigor está até nos horários dos ritos (ou seja, se eu quiser orar pela nação no dia 12/12/12 às 10 da manhã não funciona, pois o horário que dá certo é do meio-dia em diante)”, observa, antes de emendar questionando: “Por favor, alguém teria a coragem de me dizer que isso não é um ritual de magia?”.
A blogueira lamenta que outras lideranças não repudiem as iniciativas de Terra Nova: “O mais triste disso tudo é que não veremos grandes lideranças gospel denunciando essas heresias. Afinal, todas estão irmanadas ao Renê Terra Nova num propósito muito maior: arrecadar dinheiro e conseguir poderio terreno. A verdadeira Igreja precisa se levantar e alertar sobre essas práticas, que desvirtuam a obra redentora de Jesus Cristo”.
A jornalista Mikaella Campos, do blog Minha Vida em Cristo Sem Heresias, é outra que critica abertamente as práticas do líder do MIR: “Renê Terra Nova se sente uma importante peça para a pregação do evangelho”, afirma. Segundo Mikaella, “as heresias de Renê Terra Nova não são novas. Muitos falsos profetas surgiram no mundo e até a Segunda Vinda de Cristo, muitos outros vão apontar por aí”.
A crítica severa ao apóstolo Terra Nova abrange ainda o que Mikaella define como “vontade do homem de enxergar coisas sobrenaturais”. Para a jornalista, “todas as heresias surgem da necessidade do homem ir além do que Jesus quer dar. As pessoas querem ser avivadas por algo maior do que Cristo, fazendo uma doutrina para satisfação própria e negando a soberania de Jesus”.
Mikaella Campos cita ainda o fato de o apóstolo Renê Terra Nova ter pregado contra as contestações por parte de fiéis, durante um congresso da denominação em Vitória, no Espírito Santo: “O patriarca Renê Terra Nova resolveu exortar os seguidores para um detalhe importante na fé. Segundo ele, o crente precisa ter cuidado ao falar ‘mal’ de um líder religioso. Esse mal não tem conotação de intrigas e fofocas, mas sim de questionar e não aceitar o pastor como um mensageiro fiel da Palavra. Com um tom de voz alto e expressando ter autoridade, o pai-apóstolo disse que quem ‘bate’ num pastor está batendo em Deus. Logo em seguida, com o objetivo de criar ainda mais medo nos discípulos, ele acrescentou: ‘Quem fala mal do pastor cospe na cara de Deus’”, descreve a jornalista em seu artigo.
Renato Vargens, no artigo “A lavagem cerebral de Renê Terra Nova”, comenta as particularidades rituais do apóstolo e questiona o motivo de não se pregar o evangelho: “Vamos combinar uma coisa? Isso é lavagem cerebral. Sinceramente eu confesso que tento, mais não consigo entender os ensinos ‘terranovianos’. Por que não pregar as Escrituras? Por que esse comportamento megalomaníaco? Por que tantas invenções? Por acaso não seria melhor e mais fácil pregar a simplicidade do Evangelho?”
Confira abaixo a íntegra do artigo do apóstolo Renê Terra Nova sobre o dia 12/12/12:
Redação Gospel+