O pastor e cantor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha (IBL), gerou enorme polêmica nas redes sociais recentemente por publicar uma imagem com a frase “a cruz não é a revelação do nosso pecado, é a revelação do nosso valor”.
A frase gerou grande burburinho nas redes sociais e na blogosfera cristã, pois o entendimento de que o sacrifício na cruz se fez necessário para que os pecados da humanidade pudessem ser redimidos fica em segundo plano nesse raciocínio de Valadão.
“Se a cruz não revela nosso pecado, qual seria o fundamento dos escritores bíblicos ao falar em propiciação e expiação? Estes são termos que comunicam que a morte de Cristo foi em substituição ao pecador, para pagar a dívida do pecado e aplacar a santa ira divina”, opinou Thiago Oliveira, no site Púlpito Cristão.
Para Oliveira, esse pensamento conciso na frase de Valadão “demonstra a perversão do Evangelho e mostra como baluartes do segmento gospel tem infiltrado falsos ensinamentos no seio da Igreja”.
“A cruz não revela nosso valor, revela nossa vileza. Revela também a nossa incapacidade de nos achegarmos a Deus. Cristo Jesus foi quem por graça lavou a igreja com seu sangue, purificando-a de todo o pecado. Sendo assim, o valor da igreja, ou seja, dos crentes que formam o corpo de Cristo, não é outro a não ser o sangue que os redimiu. Por isso o apóstolo Paulo diz que se tem um motivo para gloriar-se, este motivo é a cruz de Cristo (Gl 6.14). Não há nenhuma passagem bíblica que exalta o valor intrínseco do ser humano, pelo contrário, a Bíblia revela o pecado do homem e a necessidade de purificação mediante a fé em Jesus”, contrapôs, acrescentando os versículos 23 e 24 do capítulo 3 de Romanos: “…pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus”.
O pastor e escritor Renato Vargens pontuou que a frase inovadora do cantor “muito diverge do ensino das Escrituras”, pois “ao afirmar que a cruz não revela ou aponta para o pecado do homem, Valadão comete/defende um grave desvio teológico”.
“As Escrituras afirmam que não existe um homem neste planeta que possa considerar-se justo pelos seus próprios méritos”, escreveu o pastor, reiterando a passagem bíblica de Romanos 3:23,24.
No artigo de Vargens, ele destaca que “a Bíblia diagnostica o pecado como uma deformidade universal da natureza humana […] que se manifesta em detalhes na vida de cada indivíduo”, além do fato de que “a Palavra de Deus ensina que o homem é totalmente depravado e que necessita desesperadamente de salvação”.
Por fim, o pastor trouxe à baila uma frase do pregador Paul Washer, para resumir seu contraponto à declaração de André Valadão: “A cruz de Cristo não é uma amostra do quanto somos preciosos, mas do quanto somos depravados”.
A saraivada de críticas ao cantor o levou a reconsiderar sua frase, publicando uma nova, seguida de um longo comentário: “A cruz revela nosso valor não em quem éramos, mas em quem somos hoje em Cristo”.
Na legenda da imagem com a frase reformulada, o cantor fez um mea culpa: “Não podemos ver na cruz apenas o que nos levaria até lá. Devemos reconhecer a obra substitutiva de Cristo e também reconhecer que somente Ele poderia nos redimir do que nunca poderíamos redimir em nós mesmos. NOSSO PASSADO SERVE PARA NOS MOSTRAR QUE NÃO ESTAMOS MAIS LÁ. ESTAMOS no HOJE, e o agora não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus. A LEI DO ESPÍRITO DA VIDA faz parte de nós hoje. A cruz deve ser tomada, lembrada, e reconhecida que lá era o nosso lugar, … MAS DEUS… MAS DEUS … MAS DEUS … Nos amou e com seu filho pagou o preço! Se fez pecado para Nele sermos feitos, PELA GRAÇA justiça”.