Um templo que existiu na mesma época em que o Templo de Salomão foi erguido em Jerusalém teve detalhes de suas ruínas avaliados por arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel e da Universidade de Tel Aviv.
A descoberta se deu numa região localizada a apenas sete quilômetros da antiga cidade de Davi, em Jerusalém. As fundações foram encontradas pela primeira vez em 2012, mas agora sabe-se mais a respeito do templo, já que as investigações foram retomadas em 2019.
Os especialistas acreditam que o Templo construído por Salomão em Jerusalém provavelmente não era o único local de culto na região de Judá. As ruínas de Tel Motza – região que abrigou templos da Idade do Ferro, por volta dos séculos X a.C. até o início do século VI a.C. – seriam correspondentes a um templo contemporâneo ao Primeiro Templo da capital israelense.
O que foi descoberto permitiu aos arqueólogos afirmarem que o templo de Tel Motza usava o mesmo plano arquitetônico da edificação erguida por Salomão, segundo informações do jornal Times of Israel.
Shua Kisilevitz, da Autoridade de Antiguidades de Israel, afirmou que o templo secundário teria cerca de dois terços do tamanho do Primeiro Templo e provavelmente foi erguido por operários semelhantes que vieram da região da Síria, seguindo descrição bíblica.
“Você não poderia ter construído um grande templo monumental tão perto de Jerusalém sem que ele fosse sancionado pela sociedade dominante”, observou Kisilevitz, que destacou que fato de o templo de Motza funcionar em paralelo com o templo central em Jerusalém é um indicativo que ele estava “provavelmente sob os auspícios de Jerusalém”.
De tudo que foi descoberto até o momento, o templo de Tel Motza – cidade citada em Josué 18 como parte do território da tribo de Benjamin – funcionava para acolher celebrações de adoração, já que há uma mesa de sacrifícios construída em pedra e “um monte de artefatos”, como figuras, estandes e cálices, que podem ter sido levadas pelos hebreus.
Junto às fundações do templo de Tel Motza, os pesquisadores encontraram restos de ossos e cerâmica em um poço de descarte próximo, algo semelhante ao que era usado pelos judeus, que hoje usam uma genizah para armazenagem de textos sagrados.
“Tudo o que você usa no templo, os animais ou os vasos, é imbuído de simbolismo religioso e se torna sagrado por si só quando usado em rituais religiosos. Então eles não podem ser descartados; são depositados no terminal sagrado”, explicou a pesquisadora.
A presença de estatuetas não indica, necessariamente, que o povo as cultuassem, mas poderiam ser usadas como referencial da divindade ou mediadoras, algo semelhante ao que os católicos praticam nos dias atuais. “Temos que pensar sobre as coisas em seus contextos. No antigo Oriente Próximo, os templos eram casas literais dos deuses”, pontuou Kisilevitz.
As figuras, então, seriam “uma maneira de lembrar ao deus que você estava lá e fazer um pedido”. Para Shua Kisilevitz, o templo descoberto em Tel Motza não será a última descoberta do tipo na região: “Definitivamente, há atividades de culto em toda a região. Acho que em algum momento encontraremos mais templos”, finalizou.