Arqueólogos encontraram fragmentos de um manuscrito que continha trechos de uma carta em que Jesus pontuava ensinamentos a seu irmão, Tiago. Segundo os pesquisadores, o documento tem 1.600 anos de idade, e trata-se de uma cópia feita à mão.
A descoberta aconteceu no Egito, e de acordo com os pesquisadores, o texto em grego teria sido escrito por alguém que ainda estava em fase de aprendizado do idioma e traz um ressalva de que referia-se a Tiago irmão de Jesus “não materialmente”.
Agora, o manuscrito foi adicionado ao acervo da Biblioteca de Nag Hammadi, que possui uma coleção de 52 textos do cristianismo primitivo datados entre os séculos II e VI d. C., encontrados em 1945 nas vizinhanças da cidade egípcia.
Segundo informações do portal Daily Mail, o professor de estudos religiosos Geoffrey Smith, docente da Universidade do Texas e um dos arqueólogos que encontraram o manuscrito, essa descoberta traz informações relevantes sobre o comportamento dos cristãos dos primeiros séculos.
“Esta nova descoberta é significativa em partes, porque demonstra que os cristãos ainda estavam lendo e estudando os escritos extra-canônicos muito tempo depois de serem considerados heréticos”, afirmou Smith, lembrando que a Igreja Ortodoxa Copta, através do arcebispo de Alexandria, Atanásio, havia definido os livros canônicos no século 3 d. C, estipulando que o Novo Testamento contém apenas 27 livros.
“O texto complementa o relato bíblico da vida e do ministério de Jesus, nos permitindo acesso às conversas que, supostamente, ocorreram entre Jesus e seu irmão, Tiago – ensinamentos secretos que permitiram que Tiago fosse um bom professor após a morte de Jesus”, acrescentou o professor.
Atanásio, em sua “39ª Carta Pascal”, falou sobre os livros do Novo Testamento e salientou que “ninguém pode adicionar nada a eles, e nada pode ser tirado deles”. Dessa forma, o manuscrito é visto como apócrifo.
De acordo com os pesquisadores, o manuscrito tem caligrafia uniforme do texto e palavras separadas em sílabas, o que sugere que foi escrito por um acadêmico. “O escriba dividiu a maior parte do texto em sílabas usando pontos médios. Tais divisões são muito incomuns em manuscritos antigos, mas elas aparecem frequentemente em manuscritos que foram usados em contextos educacionais. O professor que produziu esse manuscrito deveria ter uma afinidade particular com o texto”, contextualizou o professor Brent Landau, coautor do estudo.