A atitude do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) contra o pastor André Mendonça sofreu um duro revés ao longo da última semana, quando o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), reuniu dezenas de assinaturas para exigir que o indicado seja sabatinado.
Alcolumbre vem segurando a sabatina de André Mendonça há mais de 90 dias, e a iniciativa do senador Fernando Bezerra explicita que, no atual cenário, o indicado ao Supremo Tribunal Federal já tem os votos para ser aprovado para o cargo.
Esse aspecto foi destacado pelo pastor Silas Malafaia, um dos principais articuladores políticos para a aprovação do “terrivelmente evangélico” para o STF: “Quero dar parabéns ao líder do presidente Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra, que colheu assinaturas de 34 membros da CCJ, de apoio a André Mendonça. Ele precisa de 41 votos, faltam 7, só que tem outros 45 senadores, e muitos, [são] evangélicos”.
“A indicação do presidente Bolsonaro para o STF, tenho certeza, que ele tem a maioria no Senado brasileiro, porque o Senado brasileiro tem bom senso nas coisas. […] Aí está a prova que o nosso querido André Mendonça tem maioria no Senado”, pontuou Malafaia.
O pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) também destacou que seus questionamentos aos ministros Ciro Nogueira, Flávia Arruda e Fábio Faria era necessário para provocar reações entre os parlamentares: “Quando eu fiz críticas a três ministros políticos de Bolsonaro, é que em questões políticas sérias tem que botar a cara para fora. Tem que dizer. Não pode se esconder e viver nas sombras. É essa a questão, não tenho nada contra ninguém”.
Xadrez político
A iniciativa de Fernando Bezerra também foi comentada por outro senador, signatário da lista, Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que é opositor a Bolsonaro, mas vem cobrando o agendamento da sabatina de Mendonça.
Segundo Vieira, Alcolumbre viu sua estratégia se voltar contra ele próprio: “Um ditado antigo ensina que ‘quando a esperteza é demais, vira bicho e engole o dono’. Dos 27 membros titulares da CCJ do Senado, 17 assinaram um requerimento cobrando a pauta da sabatina do indicado ao STF. 16 suplentes fizeram o mesmo. Ninguém está acima da lei”, escreveu o senador em sua conta no Twitter.
Ao longo da última semana, a imprensa noticiou que Alcolumbre estaria disposto a segurar a sabatina até 2023, quando outros dois ministros do STF estarão prestes a se aposentarem, e há possibilidade que parte dos senadores atuais não sejam reeleitos.
De acordo com o portal Poder 360, “a expectativa é que o requerimento surta efeito em levar mais atores políticos a intercederem junto a Alcolumbre para que a situação seja resolvida, como o próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG)”.
O jornalista Mateus Maia afirmou que o pastor André Mendonça “teria os votos necessários para ser aprovado”, e que Alcolumbre estaria aguardando o fim da CPI da Covid no Senado, marcado para 20 de outubro, para tentar uma última investida contra ele: “Caso essa cartada também falhe, marcaria a sabatina para o começo de novembro”, concluiu.