Para quê praticar o bem no que parece ser um mundo sem esperança, perguntou um importante autor e estudioso bíblico aos estudantes na Universidade de Harvard.
Num mundo pós-11 de Setembro em que a crise da SIDA, e agora, a crise de crédito estão a afligir milhões, “porque é que havemos de tentar fazer a diferença de todo?” perguntou o Bispo Anglicano N.T. Wright. “Por que razão devemos tentar praticar o bem … para criar boas coisas lá fora no mundo, quando na realidade, toda a esperança sobre a qual a nossa sociedade tem vivido parece estar a implodir à nossa volta?”
Em última análise, é a convicção e a esperança de que o mundo irá ser bom e ordenado como era no início.
“O ponto principal da criação na Bíblia é de que o mundo como nós o temos é essencialmente um bom lugar”, disse Wright. “Uma das coisas preocupantes em alguns criacionistas é que tendo dito que o mundo foi criado em [seis] dias, isso é tudo no qual eles estão realmente interessados, e então o nome do jogo é deixar o mundo para trás … e deixar que ele vá para o inferno enquanto nós vamos embora para outro lugar chamado céu. Se você fosse um verdadeiro criacionista, você não deveria pensar assim. O ponto principal das histórias em Génesis não é a cronologia da forma como [o mundo] foi feito, mas a razão pelo qual ele foi feito.”
Wright falava por ocasião de uma recente acção evangelista no campus de Harvard em Cambridge, no Massachusetts. O evento foi patrocinado pela InterVarsity Christian Fellowship, uma organização nacional de evangelização em universidades que teve o objectivo de envolver alunos e professores no âmbito do diálogo sobre questões relacionadas com o derradeiro sentido da vida e sobre as alegações do Cristianismo relativas à esperança.
Contrariamente à crença popular, o Céu não é o fim do Mundo, nem é o objectivo último, declarou Wright. É só a primeira fase. Existe, continuou ele, um “novo céu e nova terra”. Por outras palavras: Uma renovação ou recriação do cosmos. Ele chamou-o um “Mundo reordenado”.
E os seres humanos são parte desse novo arranjo.
“Quer você ache que somos produto do acaso, de uma incidência da mutações evolutivas aleatórias, ou ache que somos a criação deliberada de um bom e sábio Deus, como os Judeus e os Cristãos sempre têm ensinado; você não pode fugir ao facto de a maioria das pessoas normalmente considerar que a sua vida tem algum tipo de finalidade”, disse o Bispo Wright, autor de Surprised by Hope: Rethinking Heaven, the Resurrection, and the Mission of the Church (Surpreendido pela Esperança: Reformulando o Céu, a Ressurreição, e a Missão da Igreja).
Esse objectivo não é somente prepararmo-nos para o Céu e esperar que no dia do regresso de Jesus tudo seja novamente recomposto. Em vez disso, é fazer alterações agora mesmo e tomar medidas até que todo o cosmos seja renovado e “resgatado da escravidão”, como o Bispo disse, citando a passagem do Antigo Testamento em que os israelitas são resgatados da escravidão no Egipto e chegam à terra prometida.
“Não há razão para desesperar. O Deus que fez o mundo ainda ama o mundo, e Ele chama-nos… para fazermos parte do trabalho de finalmente concretizar o sonho”, afiançou o Bispo Wright, que deu estudos sobre o Novo Testamento durante 20 anos nas universidades de Cambridge, Oxford e McGill. “E o que fazemos no presente, neste mundo, interessa, porque pode ser parte do novo mundo, quando Deus tiver recomposto todas as coisas.”
Discursando em eventos actuais, o Bispo Wright destacou a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América e das mudanças que muitos esperam com a administração de Barack Obama. “Mudança é a palavra na boca de todos”, reconheceu. “Em que é que se traduzirá?
“O que vai mudar através da eleição daquele que é, não só, o primeiro homem negro a ser vosso presidente, mas também um homem que incorpora e articula uma visão muito diferente do mundo e do nosso papel nele? “
Estando os Estados Unidos no vértice de questões fundamentais, incluindo a economia e o poder global, o que acontecerá nos próximos anos poderá traçar um rumo para a América e para o resto do mundo, realçou o Bispo Wright.
Ele alertou que no meio de várias crises, a América e o mundo enfrentam o perigo de fazer mudanças apenas por razões pragmáticas e de efeitos a curto prazo.
Não devemos abordar estas questões com a intenção de avançar apenas um ou dois passos, afirmou o Bispo Wright, mas sim devemos dar passos em direcção a algo muito mais duradouro – a esperança num mundo reordenado. E a mudança não virá, diz ele, sem esperança e sem o Espírito Santo.
Fonte: Christian Today Portugal