O pastor Brett Murphy, que liderava uma congregação da Igreja Livre da Inglaterra, assumiu a igreja onde atuava com apenas dois membros, número que cresceu ao longo do tempo para 50. Mas a liderança da denominação decidiu demiti-lo por conta de pregações “firmes” contra o progressismo.
Conservador, o pastor publicava reflexões no YouTube sempre denunciando os males do progressismo e combatendo a influência do feminismo dentro da igreja. Por exemplo, o pastor Murphy chegou a referir às sacerdotisas progressistas como “bruxas”.
A Igreja Livre da Inglaterra é uma denominação anglicana dissidente da Igreja da Inglaterra, a denominação oficial do país. Apesar da separação, a igreja mantém algumas práticas herdadas da instituição de origem, com a ordenação feminina ao ministério pastoral.
Entretanto, segundo o pastor declarou à imprensa do Reino Unido, suas críticas não eram contra o ministério pastoral feminino em si, mas às práticas feministas militantes dentro da igreja.
A denominação emitiu nota ecoando o pensamento progressista de censura aos discursos mais firmes contra a ideologia: “Seus comentários sobre a liberdade de expressão foram anotados, mas há limites proporcionais a esse direito, principalmente quando se trata de proteger a reputação da igreja”, dizia o texto da Igreja Livre da Inglaterra.
O pastor Murphy criticou a parcialidade da investigação e descreveu os procedimentos como um “tribunal clandestino”, observando que ele foi “demitido por e-mail” após apenas 13 meses à frente da igreja, o que se tornou “traumático” para seus filhos e sua esposa, que está grávida.
Ele entende que está sendo perseguido por Bob Stephen, secretário-geral da Igreja Livre da Inglaterra, já que até a presença de uma caneca da denominação em um de seus vídeos se tornou uma acusação contra ele.
A entidade Christian Legal Centre (CLC), que defende a liberdade religiosa de cristãos no Reino Unido, emitiu nota afirmando que a postura de Stephen contradiz as próprias regras da Igreja Livre da Inglaterra, pois acusações contra ministros devem ser julgadas por um painel composto por clérigos e leigos, o que não ocorreu.
“A marca de uma fé cristã vibrante e apaixonada é a capacidade de um homem de fazer uma igreja crescer. Brett fez isso, e sua comunidade o ama. Removê-lo e sua jovem família da igreja e do lar é cruel”, disse Andrea Williams, diretora do CLC.
Nova igreja
Em decorrência de sua demissão, o pastor Murphy estuda criar uma igreja separada, impulsionada por mais de £140 mil (mais de R$ 1 milhão na cotação atual) em doações online destinadas a financiar uma nova casa. A mudança poderia potencialmente permitir que ele continuasse seu ministério independente, sem ligação com a Igreja Livre da Inglaterra.
Antes de sua demissão, além do crescimento de membros de 2 para 50, novas atividades vinham sendo realizadas, como a criação de um grupo de jovens, aulas de hebraico, estudos bíblicos, aulas de órgão e um coral, tudo sendo estabelecido em menos de um ano, segundo o portal The Christian Post.
“Eles não estavam evidentemente muito felizes com isso. Há um longo histórico do bispo [John Fenwick]… ninguém parece ficar em sua diocese por mais de cinco anos. Eu era possivelmente uma ameaça à sua autoridade, ao seu poder. Ele não gosta de ser questionado. Ele não gosta de muita transparência”, desabafou o pastor, sugerindo que seu superior poderia estar por trás das queixas a seu ministério.