O bispo Marcos Pereira (Republicanos-RJ), atual vice-presidente da Câmara dos Deputados, deverá sair candidato à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na eleição que acontece no final do ano. Integrante da bancada evangélica, o deputado tem o apoio do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo.
Pereira, que foi ministro da Indústria e Comércio Exterior durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), foi acusado em 2017 numa matéria da revista Veja de ter recebido propina de R$ 6 milhões de Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F. Bispo licenciado da Igreja Universal, ele nega as acusações, e o caso está parado no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com informações do portal Metrópoles, Marcos Pereira realizou um jantar com integrantes da bancada evangélica para falar sobre sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados. Em seu discurso, resgatou detalhes de sua trajetória política e comparou sua postura com a adotada por Rodrigo Maia.
A reunião foi realizada em um restaurante de Brasília e teria sido marcada por críticas à condução dos trabalhos da Câmara por parte de Maia, segundo relataram participantes do evento. Pereira afirmou que Maia é “liberal demais”, mas negou ter se desentendido com o colega: “Apenas disse que sou menos liberal do que ele”, enfatizou.
Em relação às pautas conservadoras nos costumes, área em que a bancada evangélica atua prioritariamente, Marcos Pereira adiantou que não pautará projetos que proponham a legalização do aborto, por exemplo, mas ponderou que também não pautaria propostas que queiram revogar as modalidades de aborto atualmente permitidas, como no caso de estupro ou de anencefalia.
Na conversa com os colegas da bancada evangélica, Pereira citou o ministro Gilmar Mendes, ao lembrar que o magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF) deu a ele a oportunidade para lecionar em sua faculdade, o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), onde considera que se tornou “o melhor professor de direito criminal”.
Presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira é parte da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro, que por sua vez, tem apoio do líder da Igreja Universal, Edir Macedo. Por conta disso, o candidato à presidência da Câmara afirmou que não quer “nada da esquerda, nem apoio”, mas disse que não entrará em atrito com os partidos desse espectro ideológico.
Questionado sobre a declaração no jantar, Pereira contemporizou, dizendo que não recusará votos e manterá diálogo com todos na Câmara: “Não rechacei votos de esquerda, até porque, tenho dialogado com todos os espectros ideológicos da Câmara e tenho o maior respeito pela divergência de ideia porque é na divergência que se constrói a convergência”, ressaltou.
Os demais candidatos à presidência da Câmara deverão ser os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Marcelo Ramos (PL-AM) e Arthur Lira (PP-AL).