Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F, teria gravado o bispo Marcos Pereira (PRB), ministro da Indústria e Comércio Exterior, em uma negociata envolvendo o pagamento de propinas. O áudio da conversa foi revelado agora e expõe o repasse de R$ 6 milhões em propinas.
Pereira é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e vem sendo acusado de ter recebido os valores após um encontro na casa de Joesley Batista, onde teria definido o destino de R$ 700 mil e acertado detalhes para o recebimento do “saldo”. A gravação foi entregue ao Ministério Público durante uma renegociação dos termos da delação premiada do empresário e foi revelada pela revista Veja.
Um ponto curioso da acusação é que o encontro entre os dois teria acontecido no dia 24 de março deste ano, quando inúmeros políticos já haviam sido implicados nos escândalos de corrupção da Operação Lava-Jato.
O repasse de R$ 6 milhões a Marcos Pereira seria uma forma de retribuir facilitações na obtenção de um empréstimo de R$ 2,7 bilhões pela JBS junto á Caixa Econômica Federal, ainda durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Na ocasião, o vice-presidente do banco era um indicado do PRB, que era presidido por Marcos Pereira.
Durante a conversa, Pereira afirma que está muito feliz com sua posição no governo do presidente Michel Temer, e ambos conferem detalhes de diferentes pagamentos, que agora são apontados por Joesley como parcelas de propina, e o bispo salienta que o valor do pagamento daquele dia deveria ser depositado em uma conta previamente combinada.
Marcos Pereira demonstra cautela, não usando nenhum termo específico relacionado a dinheiro, mas o empresário repete algumas vezes que aqueles valores são “saldos” a quitar com o PRB.
Em nota oficial, o ministro Marcos Pereira diz que não comentará as “pretensas gravações ilícitas” divulgadas por Joesley Batista e que seus advogados já procuraram o STF para manifestar sua intenção de “aclarar os fatos” e “mostrar sua inocência”.