O deputado federal Jair Bolsonaro oficializou sua filiação ao PSL na noite da última quarta-feira, 07 de março, no anexo 2 da Câmara dos Deputados, com a presença de parlamentares que também se filiaram ao partido, do senador Magno Malta (PR-ES) e de centenas de apoiadores que viajaram a Brasília em caravanas de todas as regiões do país.
Na ocasião, Bolsonaro justificou sua mudança de legenda – deixou o PSC – por considerar que o PSL é “ó único partido de direita” que o Brasil tem hoje, dentro de um espectro conservador, e afirmou que pretende disputar a Presidência da República nas próximas eleições, em outubro.
Sobre isso, inclusive, Bolsonaro afirmou que “começou o plano” de se lançar candidato ao Planalto em 2014, mas não sabia de que forma poderia viabilizar uma candidatura “sem dinheiro, sem conchavos […] e sem um grande partido”, mas que os últimos anos, com crescente apoio popular, o fizeram perceber uma chance de tentar.
De acordo com informações do jornal O Globo, sem Lula (PT) na disputa eleitoral, as pesquisas apontam Bolsonaro na liderança isolada das intenções de voto. O ex-presidente foi condenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro, na Operação Lava-Jato, e teve sua sentença confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com aumento da pena.
Ao iniciar seu discurso, Bolsonaro pediu que todos fizessem silêncio para que uma oração fosse realizada, e convidou o senador Magno Malta para conduzir o momento. O parlamentar citou texto registrado no livro de Juízes 9.7-15, conhecida como “a parábola de Jotão”, mencionou que o Brasil tinha sido governado pelo espinheiro de onde saía fogo ao longo de 13 anos de PT, e concluiu dizendo que era momento de uma nova história. Em seguida, conduziu a oração do Pai Nosso.
Mudança
Bolsonaro pontuou que tem planos de mudar a estrutura de governo do país, e enfatizou que está numa “missão de Deus” para concretizar esses projetos, que incluem privatizações de empresas públicas como forma de reduzir a corrupção estatal e os custos do governo, a redução de impostos, a desregulamentação e a desburocratização, para incentivar o empreendedorismo.
A redução das despesas começará com o corte pela metade no número de ministério: quer que existam apenas 15, e revelou que já tem três nomes indicados para as pastas da Fazenda, com o economista Paulo Guedes; Defesa, com o general da reserva Augusto Heleno, ou “o oficial quatro estrelas que ele escolher”; e na Ciência e Tecnologia, com o tenente-coronel da FAB e único astronauta brasileiro Marcos Pontes. “O tenente Marcos Pontes me procurou hoje. Ele tem sonhos”, justificou segundo informações do portal Gazeta do Povo.
“Nós do Estado não podemos atrapalhar quem quer produzir, inovar, trabalhar, estudar”, acrescentou Bolsonaro, de acordo com informações do G1.
Sobre a segurança pública, grande preocupação popular, o presidenciável afirmou que “violência se combate com energia e, se for o caso, com mais violência”, repetindo o discurso de tolerância zero que sempre adotou ao longo de sua carreira política. Atualmente, o Brasil convive com mais de 60 mil homicídios por ano, e apenas 5% desses crimes são solucionados pela Polícia.
Parte desse enfrentamento, na visão do deputado, deve ser feito com a devolução às pessoas do direito à autodefesa, com o porte de arma restabelecido: “Esses crimes de ‘feminicídio’ não se resolvem com o papel [lei que prevê sua criminalização], mas com a mulher tirando uma pistola da sua bolsa”, exemplificou.
A postura de antagonismo à esquerda foi realçada por Bolsonaro, que afirmou ter o compromisso de, sendo eleito, não negociar “uma vírgula” com partidos de esquerda: “Quem reza nessa cartilha da esquerda não merece conviver com os bens da democracia e os bens do capitalismo”, afirmou, referindo-se às contradições no discurso e na prática dos políticos que pregam o socialismo, comunismo e progressismo.
Sem fugir de sua visão conservadora, disse que não tem implicância com homossexuais, mas defendeu a visão tradicional sobre o casamento, que está presente na Constituição Federal de 1988, por considerar, pessoalmente, que a união de pessoas do mesmo sexo “não é normal”.
No contato com as pessoas que foram à cerimônia para falar com ele e expressar apoio, Bolsonaro tentou falar com o máximo possível de entusiastas, e em meio ao empurra empurra, conversou com uma senhora que o informou que muitos jovens estão tirando o título de eleitor pela primeira vez para votar nele.
“Parabéns para os jovens do Brasil que nos livraram das garras da esquerda. Vocês farão a diferença!”, comentou o deputado, enquanto era filmado pela apoiadora de sua pré-candidatura.
Conversando com outro simpatizante, que transmitia o encontro ao vivo no Facebook, ficou sabendo que uma caravana de caminhoneiros, começando com 10 mil caminhões, irá rasgar o país defendendo sua candidatura, numa manifestação espontânea.
“Como está o ibope dessa live aí? Pessoal que está nos assistindo nessa live, estou aqui com simpatizantes, que, como eu, tem o propósito de mudar o Brasil. Estamos nessa batida, é cansativo, mas nós sabemos que isso é uma missão de Deus. É Ele! E Não temos como mudar”, concluiu o postulante ao Palácio do Planalto.