O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), presidenciável segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, afirmou que o apoio que recebe dos brasileiros conservadores em sua tentativa de chegar ao Palácio do Planalto é uma “missão de Deus”.
O discurso, que durou mais de uma hora, foi feito na cidade de Deerfield Beach, na Flórida (EUA), para uma plateia de aproximadamente 300 brasileiros. Antes do evento, uma fila de interessados se formou do lado de fora da churrascaria que sediou a palestra do “mito”, como o chamam seus seguidores.
“O que acontece é conosco é uma missão de Deus. A cruz, vocês sabem que é pesada demais. Tem muita, mas muita coisa para ser desfeita no Brasil. Agora, o pessoal do mal, está o tempo todo agindo contra a gente”, afirmou Bolsonaro, que se queixou da campanha que a mídia faz contra ele, nos mesmos moldes do que a imprensa americana fez contra Donald Trump.
“Revista Veja dessa semana… Como tem criança aqui, eu não vou falar o termo que eles usaram para minha pessoa. ‘Oficial b… suja’, porque eu não alcancei o último posto na carreira [militar]”, afirmou, referindo-se à edição com sua foto na capa e a manchete “A ameaça Bolsonaro”.
Prometendo combater a corrupção e todas as influências do PT no governo, Bolsonaro afirmou que preferiria desistir se não fosse para agir dessa forma: “Alguém tem que buscar um ponto de inflexão na política brasileira e começar a mudar. Se é para fazer a mesma coisa de antes, estou fora”, declarou.
A solidificação de Jair Bolsonaro como opção para ocupar a presidência da República vem de uma parte da sociedade que, até pouco tempo, permanecia em silêncio, formando suas opiniões de forma discreta, mas com grande convicção.
O jornal Folha de S. Paulo compareceu ao evento e entrevistou a médica aposentada Gessi Cardoso, 76 anos, que vive na Flórida há 23 anos e foi uma das primeiras a chegar para a palestra de Bolsonaro.
“Eu passei um mês de férias agora no Rio e não acreditei como chegamos ao fundo do poço. Eu quero voltar ao Brasil de antigamente, onde a honestidade e o trabalho eram valorizados, e acho que ele é a única solução”, afirmou, sintetizando o sentimento que muitos apoiadores de Bolsonaro expressam nas redes sociais.
.@jairbolsonaro diz nos EUA que muitas coisas precisam ser desfeitas no Brasil. Armar a polícia para matar mais é uma delas. pic.twitter.com/WrA2GvrLLP
— The Intercept Brasil (@TheInterceptBr) 8 de outubro de 2017
Economia
Jair Bolsonaro comentou as acusações de que não tem capacidade para administrar a economia do Brasil: “A imprensa fica falando que eu não entendo nada de economia, mas pelo que eu sei o Ronald Reagan também não entendia e foi um dos melhores presidentes americanos”, disse.
“O Lula também não sabia de economia, mas ele pegou o mundo com preços altíssimos das commodities”, afirmou, fazendo referência ao crescimento econômico durante o mandato do petista. “E a Dilma era economista”, afirmou, em alusão à derrocada que o país atravessa como consequência da estratégia da ex-presidente. A plateia não resistiu à provocação e caiu na gargalhada.
“Os economistas que estão comigo dizem que a equipe que está hoje no Banco Central é muito boa, mas a da Fazenda, com o Henrique Meirelles, não. Afinal de contas, aquela dupla de açougueiros goianos, o Joesley e o Wesley Batista, só conseguiram entrar no BNDES para pegar empréstimos bilionários porque estava no conselho da Friboi o senhor Henrique Meirelles naquela época. É o tal do lobby, bota o cara para abir portas. E a Lava Jato vai chegar no Meirelles. Se não chegar, tem algo errado ali”, atacou, já marcando posição sobre o ministro da Fazenda do governo Temer, possível candidato à presidência em 2018.
Assista ao discurso na íntegra: