Enquanto o governo Lula (PT) enfrenta dificuldades e acumula fracassos econômicos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem viajado pelo Brasil e atuado para incentivar o surgimento de novas lideranças, o que leva à especulação com o nome de sua esposa, Michelle, como candidata às eleições em 2026. Porém, a ex primeira-dama tem outros planos.
Desde 2022 Michelle Bolsonaro despontou como uma liderança conservadora que tem envolvido mulheres em torno de temas ligados diretamente às famílias, empreendedorismo e liberdade, alavancando o envolvimento feminino na política. Após o final do mandato de seu marido, se tornou presidente do PL Mulher, e irá se engajar nas próximas eleições municipais, apoiando candidatas de seu partido.
Em entrevista sobre o cenário político atual, Michelle deixou claro que tanto o ex-presidente Bolsonaro quanto o PL estão trabalhando de maneira cautelosa, mas convicta, em reverter as condenações de inelegibilidade impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a presidência do ministro Alexandre de Moraes.
Desconfianças
Para a ex primeira-dama, ainda é muito cedo para falar do próximo processo eleitoral presidencial: “Recentemente, eu afirmei que desconfiava de antecipações exageradas relativas às eleições de 2026. Disse isso por uma razão bem específica: penso que tem alguém – ou ‘alguéns’ – muito interessado em acelerar o processo de apresentação de nomes de prováveis presidenciáveis. Parece até uma tentativa de diminuir a importância do nome do meu marido no cenário político nacional”, recapitulou.
Essa desconfiança é compartilhada por outro líder evangélico, o pastor Silas Malafaia, que acredita que o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) estaria atuando nos bastidores para se tornar o candidato da direita para derrotar Lula: “Quem é amigo do meu inimigo, meu amigo não é […] O cara [Tarcísio] ir a um jantar na casa de um inimigo político? Jantar significa intimidade, conversa mais chegada. Já sabemos a real intenção desse sujeito. Temos o direito de desconfiar muito do governador Tarcísio, de querer que Bolsonaro fique elegível para 2026”, disse o pastor da ADVEC ao Metrópoles.
Michelle, no entanto, não fez nenhuma referência a nomes na entrevista concedida ao Pleno News, embora tenha deixado um recado claro para eventuais interessados na candidatura: “Lamento dizer para esses ‘precoces’, o Jair está mais ativo do que nunca, nós estamos trabalhando para reverter as injustiças que ele vem sofrendo e eu acredito que ele será o nosso próximo presidente”.
Reconstrução
Com os indicadores econômicos apontando uma recessão nos próximos anos, além do aumento do desemprego e de impostos, Michelle entende que os brasileiros optarão por mudança: “É fácil perceber que as pessoas estão sedentas por mudanças, não querem essa ‘cena do crime’ que está aí. Os brasileiros, apesar das grandes crises que o nosso governo enfrentou, experimentaram o que é ser governado por um presidente patriota, honesto e que acredita no Brasil. O meu marido sempre respeitou o pagador de imposto e colocou o benefício do povo em primeiro lugar em todas as suas decisões”.
Ela reiterou que não faz planos de ser candidata a presidente: “Dito isso, quanto às manifestações do povo a respeito do meu nome, eu encaro como sendo o reconhecimento por saberem que o meu marido e eu estamos mais unidos do que nunca e compartilhamos os mesmos propósitos. Eu agradeço por todas essas manifestações, mas reafirmo: Bolsonaro é o nosso candidato! Eu me junto ao coro popular para pedir: ‘Volta, Bolsonaro!’”.
Ela explicou que há um trabalho jurídico sendo feito para que o nome do ex-presidente seja reabilitado para disputas eleitorais: “Nós dois, e o nosso partido [o PL], estamos focados na reversão das injustiças que têm sido praticadas contra ele e, uma vez bem-sucedidos, ele, que é o grande – e o verdadeiro – líder nacional da direita, será o nosso candidato. Então, não há motivos para que nós gastemos nosso tempo – já tão escasso – com esse tipo de conjectura por agora. Uma das regras em nossa casa é: ‘Tudo a seu tempo e no seu devido lugar!’”.
Para as eleições deste ano, Michelle acredita que sua atuação garantirá um cenário inédito nos municípios a partir de 2025: “Nós temos as mulheres de bem do Brasil ao nosso lado. Nós vamos fazer uma transformação na política, jamais vista neste país!”.
Como evangélica, a ex primeira-dama declarou ao final da entrevista que sempre será obediente à vontade de Deus, e por isso não fecha portas para a disputa de um cargo no Poder Legislativo: “Entendi que Deus manda seus ‘recados’ para nós, de diferentes formas. Eu entendi a missão que Ele me deu. Eu sou obediente ao meu Deus, então, eis-me aqui! Se Deus me quiser como uma representante eleita pelo povo, eis-me aqui! Se Ele me quiser somente no PL Mulher: eis-me aqui! Se a vontade d’Ele for que eu fique na minha casa e com o meu voluntariado: estarei eu aqui, sempre pronta para fazer o que o meu Deus quiser. Na hora certa, Ele falará. Ele sempre fala”.