Recentemente, um padre revelou que solicitou dispensa de suas funções ministeriais para assumir a paternidade de um filho que uma de suas fiéis espera. Agora, o Movimento Nacional das Famílias dos Padres Casados (MNPC) anunciou que atualmente, 25% dos padres brasileiros larga a batina para se casar.
Os dados, segundo o site da revista Exame, não são confirmados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que não se pronuncia sobre o tema. Todavia, os padres que deixaram o celibato e consequentemente as funções de padre, permanecem ativos em suas paróquias, trabalhando de forma colaborativa com seus sucessores.
O princípio de que os sacerdotes católicos não poderiam se casar foi estabelecido no Concílio de Latrão, em 1139, há quase 900 anos. Desde então, o assunto é tabu na Igreja Católica, e apesar dos padres casados defenderem o celibato opcional, evitam se posicionar sobre o tema “para preservar a mulher e os filhos”.
O MNPC tem acompanhado os passos do papa Francisco, e diz que embora a postura do novo pontífice seja de empatia, não há sinais de que o assunto será abordado em breve: “Estamos contentes com o espírito, as palavras e as atitudes cristãs dele. Mas não dá para saber se e como ele vai enfrentar a realidade dos cerca de 150 mil padres casados no mundo”, diz João Tavares, porta-voz do movimento.
Na visão do experiente professor e historiador Eduardo Hoornaert, 82 anos, padre que atuou por 28 anos e deixou o sacerdócio em 1982, quando se casou, uma eventual readmissão de padres casados não é prioridade para Francisco, que teria outros problemas a resolver: “Formar missionários com boa formação evangélica, sem essa carga de 2 mil anos de dogmas e leis, é a prioridade. É preciso reformular o ministério, e o papa Bergoglio sabe muito bem disso”, opinou.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+