A revista Veja despertou a ira dos evangélicos ao publicar o artigo do jornalista J. R. Guzzo tratando aos fiéis dessa tradição cristã como “gente incômoda”. Apesar de muitas pessoas nas redes sociais terem considerado o texto uma ironia, a maioria entendeu que foi um ataque aberto à liberdade religiosa e uma expressão de preconceito assumido.
Como reação à publicação, diversos líderes cristãos e artistas de diferentes denominações evangélicas se manifestaram através das redes sociais, criticando a falta de isenção da revista e a alta desonestidade intelectual do artigo em questão.
O deputado Arolde de Oliveira (PSC-RJ) fez um discurso na Câmara dos Deputados e afirmou que todo o cenário que tem sido vivido no Brasil faz parte de um “movimento que visa, na realidade, a legalização da pedofilia em países, e o Brasil está incluído”.
“É para a desconstrução da família”, alertou o deputado. “O próximo ataque será à Igreja. Neste final de semana, a revista Veja […] sinaliza que agora começa o ataque à igreja evangélica. Ele [J. R. Guzzo] chama ‘um terço da população evangélica’ de ‘gente incômoda’. Na ementa de seu artigo, ele escreve: ‘A fé evangélica […] é composta do ‘tipo moreno’, o brasileiro, que vem sendo visto com crescente horror pela gente de bem do Brasil'”, acrescentou Arolde.
Para o deputado, fica claro o “preconceito social, de raça”, pois o Brasil “é moreno, descende dos africanos, o Brasil é afro”, e tal expressão não poderia passar impune. Assista:
Mais revolta
O pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo, publicou uma nota de repúdio, definindo o artigo como tendencioso, preconceituoso e inconstitucional.
“Com muita tristeza vi uma matéria cheia de preconceitos e discriminação, partindo do pré-suposto que as ‘pessoas do bem são aquelas mais ricas, mais cultas’… tentando passar que as pessoas simples e com menos poder aquisitivo não são dignas de uma vida honesta e que são responsáveis pelo caos que nosso país atravessa”, protestou o veterano pastor assembleiano.
Outro que se posicionou foi o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que expressou incredulidade com a iniciativa de Veja, apontando que o esterótipo que Guzzo apresenta do evangélico (“um ‘tipo moreno”, ou “brasileiro”, que vem sendo visto com horror crescente pela gente bem do Brasil”) é uma expressão nítida de preconceito.
“Os evangélicos, tal qual os católicos, são compostos pelas mesmas misturas étnicas. Ele esqueceu que vivemos num país tropical. Seu texto carece de sentido. Por absurdo que possa parecer, ele continua nessa desvairada ilação de que essas ‘classes mais altas’ estrariam incomodadas com o que ele chama de povo ‘tipo moreno’ ou ‘tipo brasileiro’”, bradou o pastor.
A cantora Flordelis, missionária e mãe adotiva de 55 filhos – entre biológicos e adotivos -, também se manifestou, dizendo que a visão limitada e turva que o jornalista apresentou a respeito dos evangélicos demonstra ignorância a respeito do papel que esse setor desempenha na sociedade.
“Há mais de 100 anos a igreja evangélica coopera com a sociedade para mudar situações drásticas. Nós não somos ruins! Nós não somos problema!”, enfatizou a cantora. Assista:
Confira na galeria abaixo, prints de outras manifestações de líderes e artistas evangélicos: