Todos os anos, com a iminência do carnaval, muitas igrejas evangélicas fazem a formação de “blocos evangélicos” sob a alegação de ser uma estratégia para alcançar um público que não ouviria a mensagem do Evangelho em outras circunstâncias. Porém, a iniciativa não é uma unanimidade e sempre atrai críticas.
O pastor Renato Vargens usou as redes sociais para comentar esse cenário e pontuou que muitos “crentes” se omitem da Grande Comissão ao longo de todo o ano, e quando chega a época da festa da carne, se apresentam como voluntários dos “blocos evangélicos”:
“Engraçado que existem ‘crentes’ que durante o ano não abrem a boca para evangelizar ninguém, que é [sic] seja na rua, no trabalho ou na faculdade, entretanto, quando chega o carnaval, querem sair em blocos evangélicos porque dizem que precisam evangelizar. Mentirosos! Filhos do diabo, usam o nome de Deus para justificar seu pelo [sic] pecado”, disparou o pastor da Igreja Cristã da Aliança.
Embora muitas igrejas usem essa estratégia, a ideia como um todo também foi criticada pelo reverendo Augustus Nicodemus Lopes, que até há pouco era pastor na Primeira Igreja Presbiteriana do Recife, uma cidade que tem forte tradição de carnaval com festas ao som de frevo, uma das tradições culturais do Pernambuco:
“Participar do carnaval com blocos ‘gospel’ confunde mais do que evangeliza. A verdadeira mensagem de Cristo se perde entre sambas e serpentinas. Evangelizar exige mais sobriedade e menos carnavalização da fé. Nem todo meio serve para veicular o Evangelho. #SopaNoPenico”, escreveu o renomado pastor presbiteriano, agora atuando como pastor na Esperança Bible Presbyterian Church, nos EUA.
Há cinco anos, Renato Vargens já havia exposto sua contrariedade com a controversa estratégia dos chamados “blocos evangélicos”:
“O que me preocupa efetivamente não é o desejo de evangelizar, nem tampouco a vontade de pregar as Boas Novas da Salvação Eterna aos que se perdem e sim a forma escolhida para o desenvolvimento dessa missão. Acredito que a evangelização se dá de forma contínua e de modo relacional, isto é, todos nós somos chamados a evangelizar os que se relacionam conosco através de palavras e testemunhos, durante todo o ano, e não em eventos esporádicos”.