Uma força-tarefa antes inimaginável ganhou forma recentemente para combater a escravidão humana moderna. Cristãos católicos, protestantes e muçulmanos juntaram forças para dar início a um trabalho que prevê o resgate da dignidade humana e o fim do tráfico de pessoas.
A Igreja Católica, a Igreja da Inglaterra e a Universidade Al Azhar, sede da academia muçulmana sunita no Cairo, juntaram-se numa iniciativa inter-religiosa e assinaram um acordo que prevê a erradicação do tráfico e da escravidão até 2020.
O acordo, assinado na última segunda-feira, 17 de março, criou a Rede Liberdade Global (RLG), que prega contra a “exploração física, econômica e sexual de mulheres, homens e crianças”, e estabelece um data simbólica mundial de oração pelas vítimas da escravidão, que hoje somam 30 milhões ao redor do mundo.
As diferentes denominações religiosas concordaram que poderão pressionar os governos a “fazer investimentos em medidas corretivas, se necessário”, para viabilizar a concretização da meta de erradicação da escravidão, estipulada para daqui a seis anos, de acordo com informações da agência Reuters.
O acordo proporcionou a reaproximação das partes envolvidas. As relações entre o Vaticano e a Igreja da Inglaterra sejam cordiais, apesar de haver diferenças de opinião a respeito de temas doutrinários. Porém, a Igreja Católica e a Universidade de Al-Azhar tinham relações cortadas desde 2011, quando o então pontífice católico, papa Bento XVI, condenou os ataques a cristãos no Egito, Iraque e Nigéria, afirmando que era necessários proteger as minorias religiosas nesses locais.
O bispo Marcelo Sánchez Sorondo, que representou o papa Francisco na assinatura do documento, afirmou que o pontífice católico considera o tráfico humano e a escravidão moderna como um “crime contra a humanidade”, e que o raro exemplo de cooperação entre as comunidades católica e anglicana e muçulmana poderá ajudar a construir laços mais estreitos e respeitosos entre as religiões.
Já o arcebispo de Canterbury e líder da Igreja da Inglaterra disse que, com o acordo, “temos o desafio de encontrar formas mais profundas de colocar o nosso ministério e missão em que uma compreensão mais profunda da nossa fé ao lado dos pobres e à causa da justiça e da retidão de Deus”, e acrescentou: “Nós estamos lutando contra o mal em lugares secretos e redes profundas de maldade e crueldade”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+