Somente no ano passado, o comércio de produtos direcionados ao público evangélico movimentou R$ 12 bilhões. Os dados são de um estudo feito pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), que lembrou também que esse público representa um contingente de 42,3 milhões de brasileiros, 22,2% da população brasileira, de acordo com o Censo IBGE divulgado em 2012.
A maior parte desse faturamento vem da venda de livros, que representam R$479 milhões do faturamento, de acordo com a Câmara Brasileira do Livro. Além dos leitores brasileiros, as editoras nacionais ainda exportam títulos para 105 países. O setor fonográfico também é fortalecido por esses consumidores e movimenta R$ 1,5 bilhão anualmente, de acordo com dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos. Esse faturamento tem atraído, além das gravadoras especializadas nesse público, empresas originalmente seculares, como a Som Livre e a Sony Music, que criaram selos evangélicos e investiram na contratação de artistas de grande peso, e muito conhecidos pelo público.
Segundo o site Mundo do Marketing, diferente do que prega o senso comum, o mercado evangélico não tem os CDs e DVDs como produtos exclusivos. Apesar de esses serem os mais representativos em faturamento, as empresas gospel disponibilizam produtos que vão desde agendas, materiais de papelaria, roupas personalizadas, brinquedos, DVDs e desenhos animados até serviços como sites de relacionamento, pacotes de viagens, eventos e cartão de crédito.
– O mercado está muito mais exigente do que há 10 anos. A mentalidade que imperava era: sou evangélico e vou fazer um produto para evangélicos. Então não precisa ser tão profissional, porque de irmão para irmão se aceita qualquer coisa. Nessa época, produto evangélico era sinônimo de falta de qualidade. A música, por exemplo, não era aceita por quem não era do meio – comentou sobre o mercado o fundador do site Amoremcristo.com, Carlos Vinícius Buzulin.
Empresas voltadas para esse público tem feito investimentos também no ramo do vestuário. Como exemplo dessa expansão temos a pastora e cantora Aline Barros que lançou no ano passado a grife Minha Maria, especializada em moda infantil exclusiva para meninas. As empresas Ce Chic e Clara Rosa também seguem a tendência e oferecem roupas e acessórios de diferentes estilos para atender a demanda das mulheres cristãs.
– As confecções sofreram uma mutação ao longo do tempo. Antes as roupas evangélicas eram peças que as pessoas usariam só mesmo para ir à igreja. Atualmente transmitem valores sem dever nada a outras grifes – afirma Carlos Vinícius Buzulin.
Nesse mercado já é possível encontrar também cartões de crédito voltados para esse público, como o Assembleia de Deus Mastrear e CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil) Gold, cartões que foram criados em comemoração ao centenário das Assembleias de Deus, em 2011. Os operadores financeiros responsáveis por esses cartões repassam 50% dos lucros para a igreja da qual o cliente é membro.
Comentando sobre a ampliação desse mercado, Carlos Vinícius Buzulin explicou que para ingressar nesse nicho, além de um produto competitivo, as empresas precisam compreender o que leva este público a escolher um produto.
– O sucesso está em conciliar a parte profissional e compreender as necessidades espirituais. Estas empresas têm que ter esses dois pilares. Se só um deles estiver bem estruturado, o projeto estará fadado ao fracasso. Hoje temos empresas de diversos segmentos criando ramificações evangélicas, dando uma cara gospel para conquistar essa fatia da população. Quando o negócio não dá certo, geralmente a falha está em não conhecer como este público pensa e se comporta. São empresários que entram simplesmente para capitalizar – comenta o empresário.
Por Dan Martins, para o Gospel+