O posicionamento da Igreja Evangélica a respeito de pautas morais da sociedade, como o aborto, é algo compartilhado por cristãos não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos, onde uma pesquisa revelou que a maioria dos evangélicos defende o confronto público dessas questões.
A pesquisa realizada pelo Infinity Concepts, intitulada “Evangélicos na Arena Pública”, mostrou não só que os cristãos evangélicos defendem o confronto público de pautas como o aborto, como também que 63% desse público se enxerga como conservador, informou o Christian Post.
O estudo foi realizado através de entrevista com 1.039 evangélicos dos Estados Unidos. Os números confirmam, portanto, a mesma percepção do público brasileiro, que se vê em sua maioria como conservador, e por isso não concordando com a descriminalização do aborto.
Essa noção tem norteado o posicionamento público das igrejas no tocante aos rumos políticos dentro e fora do Brasil, o que segundo a psicóloga cristã Marisa Lobo, autora de livros sobre o tema e colunista do GospelMais, tem motivado ataques aos evangélicos.
Ameaça real
Para a especialista, as atenções políticas voltadas para o segmento evangélico, atualmente, podem ser motivo de preocupação, dado à forte resistência das igrejas ao avanço das pautas progressistas defendidas por grupos minoritários, mas sistemicamente poderosos.
“O grande perigo sobre isso diz respeito à restrição da liberdade religiosa, e a forma como isso pode ser feito é justamente o que temos visto acontecer no Brasil atual: políticos se intrometendo no discurso religioso, fazendo julgamentos sobre o que consideram ser crenças legítimas ou não”, explica Marisa.
Em um artigo publicado esta semana, a psicóloga endossa o resultado da pesquisa americana, defendendo que o posicionamento público dos evangélicos sobre temas sensíveis para a Igreja não é só um direito, mas também um dever, apesar das resistências políticas contrárias.
“Podemos usar nossa fé nessa disputa política, sim, justamente porque ela envolve assuntos que impactam direta e indiretamente as nossas crenças. É por isso que nos envolvemos em temas como aborto, drogas, ideologia de gênero, educação, família e tantos outros”, conclui Marisa.